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Estado de Minas

Aécio Neves adota discurso mais político e critica governo de Dilma e os petistas

O senador participa de seminário do PSDB, em Goiânia, e aproveita para criticar Dilma e o PT. Aécio disse também que está pronto para o enfrentamento e afirma que o governo federal age de olho em 2014


postado em 05/03/2013 06:00 / atualizado em 05/03/2013 08:39

Saudado com gritos de
Saudado com gritos de "presidente", Aécio foi tratado como único candidato do PSDB no seminário em Goiás (foto: Monique Renne/CB/D.A Press)

Goiânia
— O senador Aécio Neves (PSDB-GO) fez nessa segunda-feira, em um seminário do PSDB goiano marcado para discutir os “rumos de Goiás e do Brasil”, o discurso mais político desde que seu nome começou a ser cogitado como provável candidato a presidente em 2014. Embalado pelos gritos da militância “Brasil para frente, Aécio presidente”, o congressista tucano afirmou que não sabe o que o destino vai lhe reservar no futuro. “Mas tenham certeza de que aqui está um homem determinado a encarnar o destino de vocês”, avisou.

Protagonista da festa e, por diversas vezes, anunciado como o próximo presidente da República, Aécio disse que o povo não aguenta mais a ineficiência do governo. “O Brasil merece entrar em um outro momento de sua história. Viva a política séria e viva o PSDB”, declarou.

O senador mineiro procurou corrigir uma das críticas que sofreu em seu primeiro discurso este ano, no Senado, quando apontou os 13 “fracassos” do PT, mas não falou a palavra povo. Boa parte de seu pronunciamento de ontem comparou os programas sociais do PT e do PSDB, afirmando que os petistas somente ampliaram as iniciativas criadas no governo Fernando Henrique Cardoso. “Não queremos apenas ficar administrando a pobreza. Mas um governo que acha que a pobreza pode se resolvida por decreto, merece ser combatido”, defendeu.

Aécio lembrou que o conceito de rede de proteção social para auxiliar as pessoas carentes foi idealizado pela ex-primeira dama Ruth Cardoso, bem como os programas de erradicação do trabalho infantil, o Bolsa-Escola (predecessor do Bolsa-Família) e a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas). Ele defendeu a educação como uma maneira de melhorar a qualificação dos trabalhadores brasileiros. “A rede de segurança social se ampliou, é verdade. Mas contra fatos, não há argumentos. Triste de um povo cujos líderes não conhecem a própria história”, provocou.

O parlamentar reconheceu que o PT tem todo o direito de comemorar os 10 anos de chegada ao poder, mas acrescentou que o partido não pode usar a data para apresentar diagnósticos distorcidos, utilizando dados díspares em relação à realidade. “Nós estamos prontos para o enfrentamento em qualquer campo que ele se dê. O Brasil tem crescido passo a passo, com base na ação dos sucessivos governos. Negar a contribuição dos que vieram antes de nós é uma demonstração de fraqueza”, criticou ele.

Momento de união Duas declarações petistas irritaram os tucanos e foram lembradas no evento de ontem. A primeira, recorrente, de que o PT “não herdou nada, foi obrigado a construir tudo”. E a mais recente delas, durante convenção nacional do PMDB no sábado, quando a presidente Dilma Rousseff classificou os oposicionistas de “mercadores do pessimismo”. “A tese do quanto pior, melhor, se encaixa no perfil do PT, não no nosso”, comparou.

Mesmo assim, Aécio disse que não é o PSDB quem está antecipando a campanha eleitoral. “É a candidata oficial e o PT que tiraram o olho de 2013 para concentrar-se exclusivamente em 2014. Ou alguém imagina que a reforma ministerial que se avizinha será feita para melhorar a eficiência da máquina? O governo está interessado apenas no tempo de televisão que conseguirá dos partidos aliados”, disse.

Se Aécio evitou afirmar explicitamente que é candidato — para não incorrer em crime eleitoral —, os demais tucanos que participaram da festa foram bem mais explícitos. “Aécio, vá à luta, vá, adiante, a vez é sua”, conclamou o anfitrião da festa, o governador de Goiás, Marconi Perillo. O governador também cobrou união do partido neste momento e convocou os artífices desse processo. Incluiu-se entre eles, mas fez questão de citar, em primeiro lugar, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), amigo do candidato derrotado do PSDB a prefeito de São Paulo em 2012, José Serra.

A imagem do tucano paulista foi projetada no telão, no vídeo em que mostrava a história do PSDB desde sua criação, em 1988, até os dias atuais. Ele foi citado por Aécio em seu discurso, mas não compareceu ao evento. “Eu liguei para o Serra ontem à noite (domingo), e ele disse que não tinha como vir aqui em Goiânia hoje. Mas mandou uma saudação e desejou sucesso para o evento”, justificou Perillo.

Derrotas

O tucano José Serra perdeu as duas últimas eleições que disputou. Em 2010, com mais de 43,7 milhões de votos, acabou derrotado por Dilma Rousseff na corrida pelo Palácio do Planalto. No ano passado, ficou novamente em segundo lugar, dessa vez perdendo para Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Recebeu 2,7 milhões de
votos do paulistano.


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