Bastou uma menção à proposta de emenda à constituição (PEC) do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) – que pretende extinguir salários de vereadores em cidades com menos de 50 mil habitantes –, na abertura do III Congresso de Vereadores da Associação Mineira de Municípios (AMM), para que o assunto se tornasse uma das maiores preocupações dos mais de 800 parlamentares de todo o estado, presentes nessa terça-feira ontem no evento. “A gente trabalha demais, trabalha o dia inteiro, vive por conta do mandato, e depois não vai receber?”, questionou o vereador Gilmar da Saúde (PDT), de Oliveira, na Região Centro-Oeste, durante pausa para um cafezinho, depois dos discursos de abertura.
Só nobres As autoridades que discursaram depois dele também refutaram a proposta. O vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PV), que já foi vereador da capital, foi enfático: “Não podemos deixar que o vereador trabalhe sem receber”. Até o governador Antonio Anastasia (PSDB) abraçou a causa. “Não podia deixar de manifestar certo espanto em relação à proposta de não remuneração de vereadores em cidades com menos de 50 mil habitantes”, discursou. Ele lembrou que na Grécia antiga, berço da democracia, somente os nobres exerciam cargos públicos, pois eles não eram remunerados, e fez uma deferência a Solon, que teria sido o primeiro homem a introduzir o debate sobre a necessidade de remuneração de parlamentares.
O mote do congresso, anunciado pelo presidente da AMM, Ângelo Roncalli (PR), é “Todos por um diálogo municipalista”. O evento, que acontece em um hotel de luxo no Centro de Belo Horizonte, marca também a fundação da Associação de Câmaras Municipais de Minas Gerais (Amicam).