Leia Mais
Pastor eleito para a Comissão de Direitos Humanos é réu no STF por estelionatoApesar dos protestos, pastor é eleito para presidir comissão da CâmaraPT e PSOL abandonam comissão em protesto à indicação de pastor evangélicoPressão não derruba pastor da Comissão de Direitos Humanos da CâmaraDeputados se reúnem hoje para anular eleição do pastor Marco Feliciano Eleição de Feliciano será analisada na terça-feira por deputados contráriosPastor Feliciano recebe apoio em redes sociaisSecretário petista repudia "retrocesso" com eleição de Marco Feliciano“Não vamos assistir passivamente o sepultamento da comissão e permitir que os direitos humanos sejam um espaço de intransigência e fundamentalismo”, avisou o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que propôs o nome da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) para a presidência da frente parlamentar. O deputado federal Domingos Dutra (PT/MA) criticou a escolha de Feliciano e tachou a comissão de “curral fundamentalista”.
Integrante da comissão, o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), disse que o problema dela não é ser formada por integrantes da bancada evangélica. “Temos muitos evangélicos progressistas, o problema é ela ser presidida por uma pessoa como o Feliciano”, pontua. “O PSC matou a comissão que sempre acolheu as minorias. Quem vai procurar uma comissão cujo presidente é racista e homofóbico?”, questionou Nilmário, que fundou a CDH, há 18 anos, e não pretende deixá-la. Segundo ele, quem sempre garantiu o quórum foram os partidos de esquerda. “Os partidos que são a maioria na comissão não terão condição de garantir a presença necessária para que sejam votadas deliberações na CDH”, acredita o parlamentar.
Tão logo foi oficializado como presidente da CDH, a movimentação nas redes sociais já convocou um protesto contra a decisão para a Avenida Paulista, às 14h, de amanhã.
Mãe como escudo Pastor da Igreja Assembleia de Deus há 14 anos, Feliciano diz ter sido mal interpretado. Ele lembra que sua mãe é de "matriz negra”. "Caso fosse racista, deveria pedir perdão primeiro a minha mãe, uma senhora de matriz negra." Ele disse ainda que irá trabalhar "como um magistrado" no novo cargo e negou ser homofóbico. Garantiu não ter nada contra homossexuais, mas que se opõe apenas ao “casamento gay”.
Combater a união civil entre pessoas do mesmo sexo parece ser a principal missão do pastor, eleito em 2010 para seu primeiro mandato. Entre os 78 projetos, requerimentos e pedidos de esclarecimentos propostos e endossados pelo deputado, a maioria tem como tema principal a questão dos homossexuais. É dele a proposta de criação de um plebiscito para decidir sobre a permissão da união homoafetiva, já referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Também é de sua autoria a proposta que tenta suspender essa decisão da Suprema Corte.
O pastor defende ainda em um requerimento que a convocação de defensores da “cura” da homossexualidade na Comissão de Seguridade Social e Família. O Conselho Federal de Psicologia proibiu o termo “cura”, pois há décadas a homossexualidade não faz mais parte do rol de doenças reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde. Em outro requerimento, ele questiona a necessidade, o objetivo e os benefícios da criação, pelo Ministério da Cultura, do Comitê de Cultura LGBT, sigla para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
Doação até de senha
Uma pregação de Marcos Feliciano (PSC-SP) foi um dos assuntos mais comentados de ontem nas redes sociais. Com quase meio milhão de acessos, o vídeo mostra os métodos do pastor para convencer os fiéis da Assembleia de Deus a doar dinheiro para a Catedral do Avivamento, em São Paulo, dirigida por ele. Na pregação, ele propõe o pagamento do dízimo em cheque, cartão e até doação de bens. Na mesma gravação ele ainda dá um bronca em um fiel, que doou o cartão de crédito, mas não forneceu a senha. “Doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim”. Ele também promete resolver o problema dos solteiros. “Se você me der o dinheiro, eu oro para você desencalhar”.
Propostas apresentadas por Feliciano
» Convocação de plebiscito sobre o reconhecimento legal da união homossexual como entidade familiar.
» Sustação da aplicação da decisão do Supremo Tribunal Federal que reconhece como entidade familiar a união entre pessoas do mesmo sexo e a antecipação do parto de fetos anencéfalos.
» Obrigatoridade de ensino religioso nas escolas.
» Criação do Programa “Papai do céu nas escolas”.
» Estabelecimento de sanção penal e administrativa para quem pratica o sacrifício de animais em rituais religiosos.
» Proíbição de anúncios de prostituição em classificados de jornais e de revistas de livre venda e circulação.
» Defesa de alterações nas regras do Conselho Federal de Psicologia para autorizar tratamento para a cura da homossexualidade.
» Reinclusão nos currículos da educação básica, a partir do primeiro ano do ensino fundamental, da disciplina educação moral e cívica.
Novo ministério
Sob protestos da oposição, o Senado aprovou ontem a criação do 39º ministério: a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com impacto de R$ 7,9 milhões no Orçamento da União. Dilma abre caminho para o recém-aliado PSD. O mais cotado para assumir a pasta é o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD).