O secretario nacional de Movimentos Populares do PT, Renato Simões, divulgou ontem nota na qual “registra com pesar” e “repudia” o “imenso retrocesso que representa a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na tradição e compromisso histórico da Comissão de Direitos Humanos”. Simões afirma que a comissão “passa a ser presidida por um deputado que se notabilizou tristemente como defensor de ideias homofóbicas e racistas, disseminadas em redes sociais e nas tribunas que ocupou”.
Simões faz parte de uma corrente minoritária do PT. Na nota, o secretário “conclama a bancada petista a permanecer vigilante para que a comissão não se transforme em palanque retrógrado para seu presidente”.
Ao Estado, ele afirmou que alertou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), na semana passada, sobre os riscos da eleição do pastor. O líder respondeu que estava ciente da repercussão negativa, mas avaliava que a indicação do PSC não era definitiva e que se movimentaria para evitar que se consumasse a eleição. Publicamente, Guimarães afirmou que a Comissão de Direitos Humanos era a quarta prioridade do PT, que acabou ficando com as comissões de Constituição e Justiça, Relações Exteriores e Seguridade Social.
Para Simões, a comissão foi “tomada de assalto”. “A bancada evangélica convenceu os partidos a ceder suas vagas para o PSC e se formou maioria artificial. É manobra regimental, mas imoral.” O episódio, diz, deve servir de lição ao PT para que “negociações interpartidárias levem em conta o perfil do partido e dos seus indicados para a presidência de uma instituição tão cara aos movimentos sociais”.