O ato aconteceu em 16 cidades brasileiras e foi organizado em redes sociais. A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas no Rio de Janeiro e mais de 500 pessoas na capital paulista.
Na capital mineira, representantes do grupo LGBT gritavam "Mais amor e mais tesão, Feliciano não". Os manifestantes apitaram até a Praça da Estação e cobravam mobilização das pessoas no entorno. Havia ainda um grupo que carregava cartazes com os dizeres "Fora Renan".
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Rio de Janeiro
Militantes de direitos humanos, movimentos gays e grupos de combate à intolerância religiosa lideraram protesto contra a eleição do pastor na Cinelândia, centro do Rio. "Não somos minorias", "Sou bi, sou normal", "A diversidade é humana", "Não acredito em um Deus que exclui", diziam algumas faixas e cartazes. Outros manifestantes pediram a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A manifestação foi organizada por internautas nas redes sociais. Muitos deles se conheceram pessoalmente na hora do protesto, como a produtora cultural Beatriz Pimentel e o estudante Fabrício Silva. "Sou evangélica, da Primeira Igreja Batista do Recreio, e não me sinto representada pelo Feliciano nem pelo Silas Malafaia nem por muitos outros desses pastores midiáticos" disse Beatriz. "Esta é a primeira de muitas manifestações. A gente não vai deixar esse cara lá de jeito nenhum", afirmou Fabrício, que anunciou a realização de novo protesto no próximo sábado, no Posto 5, na praia de Copacabana.
São Paulo
Na capital paulista, integrantes de movimentos sociais e grupos de defesa de negros e homossexuais também participaram do ato de repúdio à nomeação do pastor. Segundo a organização do manifesto, pouco mais de 500 pessoas compareceram ao ato. A Polícia Militar não estava no local para dar uma estimativa de público.
O pastor é acusado pelos manifestantes de ser homofóbico e racista. Segundo um dos organizadores do movimento, Luiz Ricardi, o pastor já demonstrou, com suas declarações contra negros e homossexuais, que não está apto a ocupar a posição para a qual foi eleito na Câmara. “A posição de deputado e pastor não dá a ele o direito de expressar certas opiniões. Temos direitos e perante a lei somos todos iguais. Ele não pode usar a crença dele para influenciar as pessoas contra negros e homossexuais.”
Ricardi disse ainda que não há como uma pessoa como deputado, que demonstra repúdio às minorias, defender esses grupos. “Não estamos julgando o fato de ele ser pastor ou a religião dele, mas como ele está usando a posição que tem para influenciar a população”. Segundo ele, a esperança dos manifestantes é a de que a eleição do pastor seja reavaliada e ele renuncie ao cargo.
Bruno Vieira Maia, que também integra a organização do ato, falou que o protesto pretende chamar a atenção do Congresso Nacional e mostrar que as pessoas não estão alheias ao que acontece nas Casas. “Queremos que haja uma mudança de comportamento lá, principalmente aqueles que pensam apenas em interesses de grupos pequenos e não daqueles que eles realmente deveriam representar.”
Para ele, a eleição de Feliciano para a função na comissão é um retrocesso e é preciso que os direitos humanos tenham à frente uma pessoa que de fato se importe com as minorias. “Há uma massa conservadora que ajuda a colocar esse tipo de fundamentalista nessas posições importantes. Não somos contra os evangélicos, mas somos contra declarações preconceituosas”.
No dia da eleição, Feliciano disse que vai propor a criação de um minigrupo para debater “todos os assuntos de forma bem democrática”. O pastor acrescentou que vai dar a resposta aos contrários ao seu nome trabalhando em defesa dos direitos humanos de todos os segmentos.
“O trabalho que vamos executar vai mostrar ao povo brasileiro que não sou homofóbico. E, caso cometesse esse crime , teria que pedir perdão, primeiramente, à minha mãe, uma senhora de matiz negra”, disse o parlamentar na ocasião. “Quero lembrar que os direitos humanos são fundamentais. Sei o que é ser discriminado, sei o que se passa em nosso país”, discursou Feliciano. Antes da votação, deputados do PT e do PSOL deixaram a reunião em protesto pela indicação do pastor.
Com Agência Brasil