Brasília – A decisão da presidente Dilma Rousseff de promover “ajustes pontuais” na Esplanada dos Ministérios para reorganizar a base aliada abriu uma disputa intensa entre os partidos, sobretudo PMDB, PR, PDT e PSD. A expectativa é de que a presidente possa anunciar os primeiros nomes já nesta semana, após a segunda reunião que terá com o vice-presidente Michel Temer. O anúncio já foi adiado diversas vezes, e quanto mais o tempo passa, mais complexa fica a distribuição das peças no tabuleiro do xadrez político. Como complicador, ainda há os vetos e os apoios dentro de cada legenda.
Temer é o interlocutor oficial do PMDB. No almoço com Dilma, após o anúncio da liberação de R$ 33 bilhões para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de saneamento e habitação, ela avisou que, esta semana, conversará com os demais partidos. “Por ser o mais importante partido da coalizão, começaremos a resolver essa equação pelo PMDB. Depois virão as demais legendas”, confidenciou à reportagem um interlocutor do governo.
No primeiro encontro com Dilma, o PMDB apresentou o seguinte cenário: o deputado federal mineiro Antônio Andrade para a Agricultura; o titular da pasta, Mendes Ribeiro, seria deslocado para a Secretaria de Assuntos Estratégicos no lugar de Moreira Franco, que seria promovido à Secretaria Nacional de Aviação Civil. A proposta atenderia algumas questões. Mendes, que luta contra um câncer, não seria desprestigiado em um momento de fragilidade física e emocional. E Moreira Franco ocuparia o cargo de um técnico, Wagner Bittencourt. Na visão de alguns peemedebistas, isso diminuiria a pressão por atenção do governador do Rio, Sérgio Cabral, irritado com a derrubada dos royalties e com a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo do estado em 2014.
O PR também precisa chegar a um consenso, se deseja realmente ser contemplado pelo Planalto na minirreforma ministerial. Há quase dois anos, o partido sonha em retomar o Ministério dos Transportes, perdido após a exoneração de Alfredo Nascimento, no meio de 2011. Assim como o PMDB, contudo, o partido admite que é muito difícil que a presidente tire o atual titular da pasta, Paulo Sérgio Passos. A presidente até toparia colocá-lo como secretário-executivo, se a legenda indicasse o senador Blairo Maggi (MT).
Mas o PR prefere outro nome – o do deputado Luciano Castro (RR) –, o que emperra as articulações, embora ele seja funcionário de carreira do setor. Para não ficar de fora da máquina, os integrantes do PR aceitam como contrapartida retomar o controle da Valec – estatal criada para administrar as ferrovias federais – e a presidência do rico Departamento Nacional de Infraestrutura Nacional (Dnit), bem como as superintendências estaduais.
GUERRA INTERNA O PDT vive uma situação curiosa. A legenda comanda o Ministério do Trabalho e não tem nenhuma perspectiva de perdê-lo ou de ganhar espaço. O problema é que o partido vive uma guerra interna. Os pedetistas esperavam que o atual ministro, Brizola Neto, tivesse condições de controlar o partido e conduzir a pasta. Ele não fez nem uma coisa nem outra. Acabou fortalecendo o atual presidente da legenda, Carlos Lupi, que trabalha para voltar ao posto que ocupava. Dilma não quer e espera que o PDT apresente outra opção para substituir Brizolinha.
De todas, a situação mais tranquila é a do PSD. A legenda assumirá o recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que tem status de ministério. O provável nome é o do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos.