O PSB ficou com cinco dos 32 cargos do primeiro escalão da Prefeitura de Belo Horizonte, mas, na avaliação da militância, o partido não tem nenhum. É que a maioria dos postos está nas mãos de homens de confiança do prefeito Marcio Lacerda (PSB) que se filiaram ao partido depois que ele se elegeu pela primeira vez, em 2008. Essa foi uma das principais reclamações dos integrantes da legenda durante a última reunião mensal do PSB de Belo Horizonte, na terça-feira. O clima azedou ainda mais quando a secretária da legenda na capital, Maria Elvira, argumentou que o critério adotado pelo prefeito é o da meritocracia e que os cargos mais importantes deveriam mesmo ser reservados aos filiados com perfil técnico e diploma de curso superior.
Leia Mais
Lacerda escolhe equipe de governo com forte viés técnico; sem esquecer aliados políticosPartidos aliados de Lacerda buscam espaço no 2º e 3º escalões da PBHLacerda mescla perfil técnico e político para indicar nomes da equipe de governoLacerda dá posse a 20 novos colaboradores do primero escalão da PBHFiliado ao PSB desde 1987, Henrique Barreto disse que a falta de espaço para filiados na prefeitura é uma reclamação constante ainda que mantida somente nos bastidores da legenda. “Ninguém tem coragem de reclamar publicamente”, disse. Segundo o militante, nem mesmo no preenchimento de postos do segundo e terceiro escalão as bases do partido foram atendidas. “Quem tem cargo na cota do PSB não é do PSB. Não tem vida partidária, não frequenta o partido, não se envolve nem conhece os militantes”, afirma.
Para Barreto, que disputou as eleições para vereador em 2012, quando obteve 743 votos e vaga de suplente, essa situação tem dificultado a formação dos quadros do partido e explica a permanência do PT na administração, apesar de ter feito oposição à reeleição de Lacerda. “Quem não atua na administração pública não ganha know-how. O PT continua na prefeitura porque a conhece, trabalha lá há muito tempo, ganhou experiência na gestão pública e formou lideranças nas áreas em que atua”, analisa o socialista.
Ainda de acordo com Henrique Barreto, militantes já levaram seu descontentamento com a questão da ocupação de cargos na Prefeitura de Belo Horizonte ao conhecimento do comando nacional do PSB. A esperança, segundo ele, é de que haja uma mudança nos rumos com a troca de comando do partido no estado destinada a fortalecer a legenda para uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República. O nome mais cotado, que conta com o apoio da direção nacional, é o do deputado federal Júlio Delgado. Ligada ao prefeito, Maria Elvira também pode concorrer, mas afirma que só o fará “se for chamada para integrar um projeto maior: a candidatura de Lacerda ao governo”.
O presidente do PSB na capital mineira, João Marcos Lobo, entretanto, garante que em momento algum recebeu reclamações referentes ao preenchimento de cargos na administração Lacerda. De acordo com ele, a participação da legenda nos quadros prefeitura aumentou, passando de três cargos de primeiro escalão no mandato anterior de Lacerda para cinco depois da reeleição.
Equipe renovada
Quase três meses depois de tomar posse para o segundo mandato de governo, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), anunciou em 28 de fevereiro a equipe completa da administração municipal para a gestão nos próximos quatros anos (2013/2016). Foram divulgados os nomes de 23 secretários municipais (entre pastas temáticas e regionais), além de outros nove cargos de primeiro escalão, incluindo a administração indireta (autarquias, fundações e empresas). Dos 32 integrantes anunciados, apenas 13 são oriundos do primeiro mandato, sendo quatro secretários municipais.
Titulares da legenda
Dos três socialistas que ocupam vagas no secretariado de Marcio Lacerda, dois ingressaram na gestão iniciada neste ano: o vereador Daniel Nepomuceno, titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, e Sueli Baliza, secretária municipal de Cultura. Marcelo Abi-Saber foi mantido na pasta de Assuntos Institucionais. O PSB manteve dois cargos de direção das seis empresas, autarquias e fundações ligadas ao Executivo de Belo Horizonte. Mauro Werkema continua no comando da Belotur e Leônidas José de Oliveira no da Fundação Municipal de Cultura.