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Aprovada, Comissão da Verdade do RJ não saiu do papelComissão da Verdade vai apurar ida de civis ao Dops e responsabilidade da FiespCronograma da Comissão da Verdade é questionadoComissão da Verdade vai investigar morte do presidente João GoulartEx-marido de Dilma quer investigação de empresários sobre violação dos direitos humanosCabral regulamenta comissão da Verdade do RioDamous disse que vai sugerir aos demais integrantes que casos emblemáticos ocorridos no Rio durante a ditadura mereçam o que ele chamou de pronta atuação. "A bomba na OAB que vitimou a secretária Lyda Monteiro, a bomba no Riocentro, a Casa da Morte, em Petrópolis, e os casos Stuart Angel e Rubens Paiva obrigatoriamente terão que estar na nossa pauta."
Ex-presidente da seção fluminense da OAB, ele disse que o caso da bomba na OAB tem carga simbólica muito grande e será uma prioridade. "Embora tenha vitimado uma pessoa, tratou-se naquela época (1980) de uma investida contra o papel que a OAB representava na luta pela reconquista da democracia. Naquele momento, os porões estavam agindo clandestinamente, mas a mando de quem ocupava altos postos no regime. É dessas pessoas que nós estamos atrás."
Segundo Damous, será discutida na primeira reunião uma visita ao quartel da Barão de Mesquita, onde funcionou o DOI-Codi. Ainda será definido se o grupo vai atuar por um ou dois anos. "Uma das atividades primordiais é subsidiar a Comissão Nacional da Verdade. Não sei como seria na prática sobrevivermos por mais um ano. Este também vai ser um ponto de discussão."
Damous avalia que há grande resistência a investigações sobre crimes cometidos durante o regime militar. "Os agentes do porão não querem aparecer à luz do dia. Vamos enfrentar essa resistência sem atropelar a lei, assegurando amplo direito de defesa, tudo aquilo que foi negado àqueles que à época combatiam o regime. Espero que tenhamos condição de dizer a verdade para o povo."
Além de Damous, a comissão será formada por: Álvaro Caldas (professor da Faculdade de Comunicação da PUC/RJ, jornalista com atuação em diversos jornais de circulação nacional); Eny Raimundo Moreira (coautora do livro "Brasil nunca mais", presidente e fundadora do Comitê Brasileiro pela Anistia); Geraldo Cândido da Silva (presidente do Sindicato dos Metroviários de 1981 a 1987, foi senador em 1999 e integra o Coletivo-RJ Memória, Verdade e Justiça, representando a Associação Nacional dos Anistiados Políticos, Aposentados e Pensionistas); Marcelo Cerqueira (deputado federal em 1986, defendeu centenas de acusados com base na Lei de Segurança Nacional entre 1968 e 1978, foi Procurador Geral do Incra; Procurador Geral do Cade e Procurador Geral da Alerj, é professor da UFF); Nadine Monteiro Borges (primeira coordenadora do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, é doutoranda pela UFF); Otávio Bravo (promotor de Justiça Militar, pesquisador do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-RJ, iniciou trabalho de investigações sobre casos de mortos e desaparecidos políticos há dois anos).