Brasília – Uma semana depois de a presidente Dilma Rousseff ter reunido governadores e prefeitos de capitais em Brasília para anunciar a liberação de R$ 33 bilhões para obras de saneamento e mobilidade urbana, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB), senador, e Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, também vão se reunir com governadores aliados para evitar o desgarramento dos respectivos rebanhos. Aécio receberá nesta terça-feira à noite, em seu apartamento em Brasília, os governadores tucanos, em um jantar organizado por Antônio Anastasia. Eduardo chegará à capital no fim do dia e deve encontrar-se com os seus correligionários, além de manter conversas telefônicas com outros governantes da Região Nordeste.
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Popularizar imagem de Dilma vira estratégia para reeleição em 2014Para fortalecer Eduardo Campos em 2014, PSB quer entrar na disputa em 12 estadosAécio não pode esperar 2014 para definir candidatura, dizem governadores do PSDBPresidentes da Câmara e do Senado se reúnem hoje com governadoresJuntos, os dois presidenciáveis têm quase a metade dos governadores brasileiros: 12 dos 27 administradores estaduais são tucanos ou do PSB. Além de Aécio ser correligionário do governador de Minas, o partido governa São Paulo, com Geraldo Alckmin; Alagoas, com Teotônio Vilela Filho; e Goiás, com Marconi Perillo. O PSDB está no comando ainda em Roraima, com o governador Anchieta Hélcias; no Paraná, com Beto Richa; e no Pará, com Simão Jatene. Já Eduardo Campos preside a legenda do governador do Ceará, Cid Gomes; do Espírito Santo, Renato Casagrande; do Piauí, Wilson Martins; da Paraíba, Ricardo Coutinho; e do Amapá, Camilo Capiberibe.
Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), presidente do diretório estadual tucano, a pauta federativa é longa e inclui, além dos royalties e do FPE, o desequilíbrio no recolhimento do ICMS. Pestana acrescentou que os temas a serem discutidos no jantar dos governadores do PSDB serão administrativos e econômicos, mas reconhece que a presença de Aécio dará o tom político à reunião. “Como ele é nosso líder, nosso porta-voz e provável candidato à Presidência ano que vem, a presença de Aécio no jantar servirá para amarrar o discurso federativo do partido”, justificou Pestana.
Ele não acredita que a estratégia de sedução usada pela presidente Dilma na semana passada, quando anunciou, além dos R$ 33 bilhões para obras de saneamento e mobilidade urbana, a derrubada da contrapartida de estados e municípios para que os projetos se concretizem, seja suficiente para desmobilizar os governadores da oposição.
Pestana reconhece que o atual modelo de concentração de recursos nas mãos do governo federal serve para criar um certo grau de dependência em relação à União. Mas acrescenta que o amadurecimento democrático do país impede posições sectárias do Palácio do Planalto. “A própria presidente Dilma admitiu que se pode fazer o diabo durante as eleições, mas como governo, não”, declarou o parlamentar mineiro. “Só tenho medo das diabruras eleitorais e alopradas que eles estejam planejando”, provocou o deputado mineiro.
O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, concorda com o raciocínio. Para ele, neste momento, é natural que alguns governadores sejam mais reticentes em comprar briga com a administração federal, pois necessitam manter uma relação política equilibrada com a União. “Não podemos confundir ações governamentais com questões eleitorais”, declarou Siqueira.
Integrante da máquina partidária, Siqueira garante que os governadores do PSB estão afinados com o partido e com a possibilidade, cada vez mais concreta, de o partido lançar Eduardo Campos candidato a presidente no ano que vem. “Até mesmo o Cid Gomes (Ceará)”, aposta o secretário-geral do PSB. Siqueira disse que o governador cearense tem todo o direito de ter a própria opinião – Cid tem repetido que, no momento, seria melhor para o PSB apoiar a reeleição da presidente Dilma e ter candidatura própria apenas em 2018. “Mas na hora que o partido tomar a decisão coletiva, tenho a certeza de que ele reforçará seu papel de homem de partido”, completou Carlos Siqueira.