A procuradora da República Karen Kahn, que atua no combate aos crimes financeiros e à lavagem de dinheiro, avalia que muitas instituições bancárias dispõem de “mecanismo de controle totalmente afrouxado, que deixa passar movimentações de valores sem questionamento”. Ela aponta para bancos oficiais e privados. “A experiência já mostrou que vários bancos falham na comunicação ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e ao Coaf.”
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Karen Kahn critica a morosidade das instituições. “Muitos bancos resistem em responder a pedidos de quebra de sigilo. Levam até seis meses para enviar informações. Existe um travamento. Não estou dizendo que seja algo intencional, mas quer por ação, quer por omissão, negligência ou conivência, existe falha na celeridade da transmissão de dados.”
A procuradora denunciou em janeiro o banqueiro Luís Octávio Índio da Costa, ex-controlador do banco Cruzeiro do Sul, e outros 16 investigados por fraudes. “Muitas instituições financeiras trabalham seriamente, mas na medida em que aqueles que as controlam têm intenção de usá-las para enriquecimento ilícito, em proveito próprio, pode-se dizer que esses bancos são lenientes com práticas criminosas”, afirma.
Omissões
Para o promotor de Justiça Silvio Antonio Marques, que combate corrupção e improbidade, “nos últimos anos houve muitos avanços no sistema de compliance dos bancos”. Mas ele vê omissões. “Como afirmou o ministro Joaquim Barbosa, ainda existem muitos bancos que nada fazem contra a movimentação financeira incompatível com a renda de seus clientes. Há funcionários públicos que declaram aos bancos que recebem subsídios mensais ínfimos do erário, mas mantêm depósitos milionários em algumas instituições financeiras. De uma certa forma, tais bancos cooperam com o crime de lavagem de capitais.”