As ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), apresentadas por Cabral e Casagrande, alegam que as recentes alterações violam a Constituição e o pacto federativo. Elas pedem que seja emitida decisão provisória para suspender os efeitos da lei até que o STF julgue o caso. A Adin assinada por Geraldo Alckmin foi entregue no fim da tarde, e argumenta que a modificação da antiga regra interfere na autonomia dos estados e põe em risco seus equilíbrios fiscais. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) também apresentou uma ação pedindo a invalidação das mudanças.
A nova lei sancionada por Dilma estabelece uma divisão mais justa para os royalties do petróleo entre os estados. No entanto, o texto da Adin apresentada por Cabral argumenta: “O impacto das medidas sobre o Rio de Janeiro levaria o estado a perder imediatamente mais de R$ 1,6 bilhão, sendo que a queda na arrecadação, até 2020, chegaria a quase R$ 27 bilhões”. A Adin do Espírito Santo sustenta que a nova regra é inconstitucional, pois favorece regiões que não sofrem impactos da exploração petrolífera, ferindo o tratamento estabelecido pela Constituição para estados produtores.
Em evento na Cidade Administrativa, o governador Antonio Anastasia (PSDB) exaltou ontem os ganhos que Minas Gerais terá com a nova lei, mas aproveitou para reclamar das perdas do estado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que estimou em R$ 500 milhões. “Se o estado receber R$ 200 milhões dos royalties do petróleo, nós vamos, na verdade, suprir parte dessas perdas. O valor de R$ 200 milhões em um orçamento de R$ 70 bilhões do estado não é impactante para mudar a realidade que nós temos. Não há dúvida de que é um ponto positivo, mas não é nada decisivo em termos de valor representativo para o estado”, comentou.
‘Legítimo’
Sobre a disputa jurídica, o líder da oposição no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), foi inquisitivo e afirmou: “Se há razões constitucionais que moveram a presidente Dilma a formular o seu veto e essas razões foram desrespeitadas, elas têm de ser levadas à apreciação pelo Supremo”. O líder do governo no senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), admitiu: “Acho que é um direito legítimo, da democracia. Quando o Congresso toma uma decisão política e algum ente entende que teve seus direitos prejudicados, busca o seu direito”.
Em 27 de fevereiro, o colegiado do STF, inclusive a ministra Cármen Lúcia, derrubou liminar de Luiz Fux que determinava que o Congresso votasse todos os vetos presidenciais pendentes na Casa em ordem cronológica. Com isso, foi possível que deputados e senadores retomassem a discussão dos royalties do petróleo e o derrubassem, no dia 5, os vetos da presidente Dilma ao projeto. A presidente sancionou a nova lei na quinta-feira. (Colaborou Guilherme Paranaiba)