Para tentar contornar a resistência do PSDB paulista à sua indicação para o cargo de presidente nacional do partido, o senador e pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2014, Aécio Neves, passou os dois últimos dias tentando costurar alianças com os principais caciques da legenda no estado. Na noite de segunda-feira, ele se reuniu durante cerca de três horas, em São Paulo, com o ex-governador José Serra (PSDB). Ontem recebeu, em seu gabinete em Brasília, o governador Geraldo Alckmin, que foi convidar o senador para passar no Palácio dos Bandeirantes na próxima segunda-feira antes do evento do PSDB que deve lançar Aécio candidato a presidente e ao comando do PSDB.
Na conversa com Aécio, Serra não exigiu cargos nem bateu o pé pelo comando da legenda, mas também não prometeu nada, nem fez juras de amor ao tucano mineiro. E avisou que não vai participar do evento de segunda-feira, pois estará nos Estados Unidos, para um compromisso agendado anteriormente. Já o encontro com o governador foi considerado positivo. A avaliação é de que Alckmin, para assegurar mais um mandato como governador, precisa trazer Serra para o lado de Aécio. Bem votado na capital, Serra pode atrapalhar os planos de Alckmin se bandear para outra legenda ou projeto em 2014.
O senador e o governador deixaram o encontro afirmando que até maio, data da convenção do PSDB que vai escolher a nova direção, vão encontrar uma saída para eleger uma "boa direção partidária”. Em relação à participação de Serra, Aécio disse ter "total confiança" de que ele estará com o partido "na construção de um discurso alternativo ao modelo que esta aí". Segundo o senador, ele nada impôs nem exigiu qualquer condição. "As coisas vão se acertando. Eu percebi o Serra com os mesmos objetivos que nós. Estaremos juntos e o PSDB de São Paulo será protagonista desse processo, através do trabalho que será feito pelo governador Alckmin, por Serra e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", assegurou. O senador disse que abriu sua conversa com Serra alegando que o objetivo maior do partido deve ser tirar o PT do poder.
Aécio negou que Serra esteja disposto a se filiar ao PPS e apoiar, em 2014, uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao Palácio do Planalto. "Serra conversa com muita gente. Mas não há nenhum sinal de que ele vá (para o PPS). Não vejo nenhum movimento que o distancie do PSDB. Temos o mesmo objetivo em comum, de apresentar uma alternativa a esse modelo que está aí", disse Aécio.
Estímulos Independentemente da posição de Serra, o senador deu pistas de que sua indicação para comandar o partido é irreversível. "Essa discussão não foi minha. Foi iniciada pelo Fernando Henrique Cardoso e pelo Sérgio Guerra (deputado federal por Pernambuco e atual presidente do PSDB) e acabou ganhando forma, com apoios e adesões de outros companheiros. Tenho recebido muitos estímulos e essa construção esta sendo feita. No tempo certo teremos o resultado esperado. Ainda faltam dois meses para as eleições internas". A proposta do partido é entregar para os aliados de Serra o segundo cargo mais importante no comando da legenda, o de secretário-geral. O partido quer que Aécio assuma presidência para poder rodar o Brasil em nome do PSDB e do projeto alternativo que o partido defende para o país, afirma um integrante da legenda e aliado do projeto de Aécio.