Leia Mais
Barbosa critica ampliação da Justiça Federal em reunião com Calheiros e AlvesDilma chama Fernando Collor de parceiro e elogia Renan CalheirosCalheiros ignora apelo do Rio e mantém votação de vetoConsiderado alto por especialistas em lavagem de dinheiro, o lucro líquido obtido em tão pouco tempo coloca sob suspeita as operações financeiras e contábeis da empresa - que, em menos de um ano, movimentou ao menos R$ 500 mil. Aberta depois das eleições de 2010, a Tarumã teria funcionado em uma sala no Lago Sul de Brasília.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está desde a semana passada mergulhado na análise das atividades da empresa. Às vésperas da eleição para o Senado, Gurgel denunciou Renan Calheiros ao Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
O inquérito está, atualmente, no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski. Renan, que prega a transparência desde que assumiu a Casa pela segunda vez, se nega a esclarecer as atividades da Tarumã, alegando sempre se tratar de atividade privada.
O contrato social da empresa registrado na Junta Comercial do Distrito Federal prevê a exploração de empreendimentos imobiliários, como locação, compra e venda de imóveis próprios e participações societárias. No entanto, não foram localizados imóveis ou corretores registrados em nome da empresa ou de nenhum de seus sócios.
A empresa foi registrada em 22 de fevereiro de 2011 em nome do senador e de seus dois filhos. Cinco meses após a constituição, Renan deixou a sociedade e deu lugar à esposa, que turbinou o capital da empresa de R$ 10 mil para R$ 300 mil.
Sem renda fixa e casada em comunhão parcial de bens, Verônica Calheiros integralizou em “moeda corrente” o valor de R$ 290 mil no capital da empresa em 21 de julho de 2011. Quatro meses mais tarde, a Tarumã encerrou suas atividades. A extinção foi registrada na Junta Comercial do Distrito Federal em 16 de novembro de 2011.
A última declaração de bens pública apresentada pelo senador informa que ele tem um patrimônio de R$ 2,1 milhões. Na declaração ele menciona um apartamento em Maceió, uma casa em Barra de São Miguel e R$ 3 mil em contas bancárias.
A operação foi assistida por Bruno Mendes, advogado e assessor comissionado de Renan no Senado. Mendes tornou-se figura conhecida em 2007, depois de aparecer associado ao escândalo de empreiteiras que, a pedido do parlamentar, bancavam despesas da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha. Bruno se negou a esclarecer as atividades da Tarumã.
Evolução de renda
Nas investigações feitas pelo Conselho de Ética do Senado, laudos da Polícia Federal e dados da Receita Federal atestavam a incapacidade financeira do senador e de seus familiares diante da evolução patrimonial registrada nas declarações de imposto de renda. Os sinais, segundos os investigadores, eram de patrimônio descoberto. As contas sugeriam que, com os recursos que alegava possuir, o senador não teria como pagar despesas pessoais e mais os valores repassados à jornalista Mônica Veloso.
Em nota divulgada no dia 12 de março, após a publicação da reportagem pelo Estado, o presidente do Senado informou que “todos os aspectos fiscais e empresarias dos contribuintes Renan, sua esposa e seus filhos estão devidamente registrados perante os órgãos oficiais de controle.” Sobre a denúncia do procurador-geral da República, o presidente do Senado afirma ser o maior interessado no “desenlace” da questão. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.