A faxineira Simone Luisa de Souza Xisto, de 52 anos, recebeu, há cerca de um mês, um comunicado da Prefeitura de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dizendo que o governo municipal iria suspender o pagamento do seu auxílio-moradia. Ela teve de deixar sua casa, que corria o risco de desabar em 2011, e, desde então, depende do aluguel pago pelo município. Outras 15 mulheres na mesma situação estão com a ajuda suspensa desde janeiro. Na carta enviada a elas, assinada pelo secretário municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, Mozart Grossi, a prefeitura justifica que não tem condições de arcar com o auxílio porque está passando por dificuldades financeiras.
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Prefeitos mineiros reclamam falta de recursos financeirosPrefeito de Lagoa Santa corre o risco de ser cassadoGoverno federal define regras para conceder auxílio-moradia a servidoresPressão dos prefeitos no CongressoJá Simone mora sozinha. Ela perdeu a guarda dos dois filhos depois de um laudo da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros alertando o risco de desabamento da sua casa no Bairro Industrial Americano. Há dois anos recebe R$ 350 da prefeitura de aluguel. “Eu não tenho condições de arrumar a minha casa, que está em péssimas condições. Está cheia de rachaduras. Só o muro de arrimo ficaria uns R$ 15 mil”, disse.
No comunicado enviado aos beneficiários a prefeitura diz que a Lei Municipal 3.074/10 prevê que o auxílio-moradia é temporário e concedido até que a pessoa consiga organizar ou reformar seu imóvel próprio para ter condições de retorno. “A prefeitura tem a expectativa que o período em que o (a) senhor (a) esteve utilizando este benefício tenha o ajudado a resolver a situação do seu imóvel próprio”, diz o documento.
Conforme mostrou o Estado de Minas, assim que assumiu o segundo mandato, o novo prefeito de Santa Luzia, Carlos Calixto (PSB), fechou a prefeitura por 15 dias, exonerou todos os servidores contratados e suspendeu vários serviços públicos básicos, alegando não ter condições de administrar o caos deixado por seu antecessor. Até a noite de ontem o município não tinha se manifestado a respeito da suspensão do aluguel pago às mulheres e nem a respeito do comunicado.
Cobrança
O governador Antonio Anastasia (PSDB) aproveitou um evento com cerca de 150 prefeitos mineiros para cobrar mais empenho deles na luta na luta por um novo pacto federativo para o país. “Não podemos mais tolerar a perda de receita e a imposição de novos custos para as administrações estaduais e municipais, sob pena de nós, cada vez mais, ficarmos esquálidos e famélicos, sem condição de realizar aquilo que é o mínimo para o nosso desenvolvimento”, afirmou Anastasia. O tucano, que esteve na semana passada em Brasília para discutir as propostas de descentralização dos recursos e ampliação da autonomia administrativa para estados e municípios, defendeu que os prefeitos tenham “voz ativa” nas discussões sobre o tema.