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Estado de Minas

Pressão popular coloca pastor contra a parede

Feliciano enfrenta protestos e é obrigado a deixar o plenário da Câmara. Presidente da Casa e o partido do deputado pedem a ele que renuncie ao comando da Comissão de Direitos Humanos


postado em 21/03/2013 06:00 / atualizado em 21/03/2013 06:55

Em meio às manifestações contra Feliciano (à direita, ao fundo), a reunião da CDHM foi suspensa oito minutos depois de ser iniciada. Em Belo Horizonte, entidade estudantil pichou a sede do PSC (foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)
Em meio às manifestações contra Feliciano (à direita, ao fundo), a reunião da CDHM foi suspensa oito minutos depois de ser iniciada. Em Belo Horizonte, entidade estudantil pichou a sede do PSC (foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)


Oito minutos foi o tempo de duração da sessão de ontem da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, a segunda sob a presidência do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), acusado de declarações racistas e homofóbicas. O parlamentar perdeu o apoio até de sua legenda, o PSC, e está sendo pressionado pelo partido e também pelo comando da Câmara a renunciar ao posto. Feliciano, que enfrenta protestos generalizados Brasil afora contra sua eleição para o cargo, não teve condições ontem de conduzir a sessão da CDHM. Ele apenas abriu a reunião e deixou o plenário escoltado por seguranças legislativos, em meio a manifestações.

Mesmo com a saída do pastor, a reunião teve de ser encerrada em seguida por causa dos protestos e de um tumulto envolvendo o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), aliado de Feliciano, e militantes dos direitos humanos. Provocado pelos ativistas, que o chamavam de gay, Bolsonaro revidou com palavrões.

Depois da confusão, o líder do PSC, André Moura (SE), reuniu-se com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para tratar da situação da CDHM. Segundo Moura, o presidente da Câmara pediu que Feliciano deixe a comissão. “Vamos cumprir o apelo do presidente. Vamos conversar com o pastor e fazer uma avaliação das manifestações externas e das ponderações do presidente da Casa”, relatou Moura após a conversa com Alves. Mesmo que Feliciano deixe o posto, a comissão deve permanecer sob o comando do PSC, partido majoritariamente formado por pastores e lideranças evangélicas. O assessor de imprensa de Feliciano, Wellington Oliveira, entretanto, negou que o deputado vá deixar a comissão. “Não renunciou nem vai renunciar”, afirmou.

A pressão contra Feliciano vem crescendo a cada dia. Um vídeo postado em seu perfil no Twitter, na segunda-feira, complicou mais ainda a situação do parlamentar. Batizada de “Pastor Marco Feliciano renuncia", a gravação traz imagens dos protestos contra o deputado, que classifica as manifestações como “rituais macabros” e se vangloria de ter sido eleito “sozinho” com 211 mil votos. Feliciano disse que o vídeo foi postado em sua página por sua assessoria sem sua autorização, mesma desculpa usada por ele ao justificar as mensagens no perfil afirmando que os africanos descendem de um filho amaldiçoado de Noé, o que justificaria a miséria e outros problemas do continente.

Para se contrapor à permanência do deputado na CDHM, foi lançada ontem oficialmente a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos. O deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), integrante da CDHM e da frente, disse que o evento reuniu representantes de todos os partidos, inclusive dos tidos como mais conservadores. Ele afirmou que vai assumir o papel da comissão na discussão de assuntos de interesse de grupos minoritários, como negros, mulheres e homossexuais. Cético, o parlamentar não acredita na renúncia do pastor ao cargo. “Mas torço para que seja verdade”, afirma. Segundo ele, a comissão não terá condições de funcionar enquanto permanecer sob o comando de Feliciano.

Nessa quarta-feira de madrugada, a sede do PSC em Belo Horizonte, na Floresta, foi pichada com protestos contra o presidente da CDMH. A inscrição “fora Feliciano e todos os racistas” foi assinada pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), entidade estudantil de esquerda, ligada ao PSTU.


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