Jornal Estado de Minas

Justiça determina que grupo ligado a Cachoeira devolva mais de R$ 100 milhões à União

O contraventor e mais quatro integrantes do grupo foram condenados pelo esquema de exploração de jogos de azar no estado de Goiás

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
- Foto: José Cruz/Abr
Para tentar amenizar os prejuízos causados aos cofres públicos com as atividades do contraventor Carlinhos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, a Justiça determinou a perda dos bens dele, de mais quatro integrantes da quadrilha que ele comandava e de “laranjas”. Conforme o Ministério Público Federal, entre os bens confiscados estão apartamentos, lotes, casas, fazendas, empresas, carros importados e até aeronaves. Ao todo, valor retido deve ultrapassar R$ 100 milhões. A Justiça ainda fixou multa de R$ 156 mil, em favor da União. Todos foram condenados pelo envolvimento no esquema de exploração de máquinas caça-níqueis e jogos de azar, desmantelado pela Polícia Federal no ano passado.
Na visão dos procuradores da República, os condenados deveriam pagar a “conta” dos gastos que o Estado teve para coibir a criminalidade. Cachoeira e os outros envolvidos foram condenados por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e violação de sigilo envolvendo servidores federais, estaduais e municipais. Só a pena de Cachoeira soma quase quarenta anos. Os outros integrantes da quadrilha receberam penas menores: Lenine Araújo foi condenado a 24 anos e quatro meses, José Olímpio Queiroga recebeu a pena de 23 anos e quatro meses. Já o sargento da aeronáutica, Idalberto Araújo, o Dadá, foi condenado a 19 anos e três meses. Ao todo, o MPF denunciou 80 pessoas.

Os bens estavam em nome dos sentenciados, de “laranjas” e de empresas. No nome de Carlinhos Cachoeira, por exemplo, havia apenas um terreno em condomínio de luxo em Goiânia, com 904 m², no valor de R$ 1,5 milhão. Já José Olímpio teve decretado o bloqueio de cinco apartamentos – dois em Águas Claras (DF), no valor de R$ 800 mil, dois também em Águas Claras (DF), estimados em R$ 1,5 milhão, e um em Taguatinga (DF) –, e duas fazendas, no valor de R$ 450 mil, além de um prédio comercial no valor de R$ 8 milhões, no Distrito Federal e um posto de lavagem e lubrificação, com 1.833 m² de área construída.

As perdas no nome de Lenine Araújo são de dois carros e três terrenos (dois de 360 m² e um de 200 m²) em Valparaíso (GO), além de dois imóveis em Caldas Novas, estimados no valor de R$ 300 mil. Enquanto para o sargento da Aeronáutica, Idalberto Matias, o Dadá, a perda, em seu nome, consiste em dois carros e um apartamento em Brasília no valor de R$ 600 mil. Por último, Raimundo Queiroga, com uma fazenda de 10 mil m² em Luziânia, cujo valor é estimado em R$ 1 milhão.

Em nome de “laranjas” e de empresas, está uma lista de bens que ultrapassa a casa dos R$ 100 milhões: apartamentos de luxo (no Rio de Janeiro, nos bairros nobres de Goiânia), fazendas e até uma aeronave (no valor de R$ 750 mil), além de carros importados.

O juiz federal, assim como os procuradores Daniel Salgado e Leia Batista não deram entrevista sobre a decisão. Porém, um dos advogados de Carlinhos Cachoeira disse que à decisão cabe recurso junto ao Tribunal Regional Federal (TRF1). Mesmo assim, os bens seguirão bloqueados e o processo tende a ser longo.

Com Agência Estado