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Além do foco no empresariado a um ano e meio da sucessão presidencial, Campos também tem aproveitado suas incursões ao Sudeste para contatos políticos. Um deles foi com o ex-governador tucano José Serra.
De acordo com fontes próximas a Serra, o tucano recebeu o convite para ser vice em uma eventual chapa presidencial encabeçada por Campos, mas ele não cogita essa hipótese. A assessoria do pessebista negou o encontro. "Ele não tem perfil para ser vice nem no PSDB, muito menos numa chapa de outra legenda", diz um aliado de Serra. Uma das hipóteses para Serra deixar o PSDB seria aceitar o convite de setores do PPS para integrar essa legenda. O PPS estuda uma fusão com o PMN e correligionários dessas siglas gostariam de ter Serra ou numa disputa nacional ou até mesmo na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, num confronto com o atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB) e servindo de plataforma para a eventual candidatura presidencial do governador pernambucano. Mesmo essa hipótese é rechaçada por pessoas próximas a Serra, que apostam que ele lutará "até as últimas consequências" para garantir um espaço de destaque no PSDB, ou seja, a presidência da legenda.
Aposta
Na avaliação de Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, Eduardo Campos acerta na estratégia de tentar ganhar espaço no calcanhar de Aquiles de Dilma, o empresariado das regiões Sul e Sudeste, sobretudo o de São Paulo. "Porém, ele vai ter que comer ainda muito feijão com arroz para se tornar viável no Nordeste, pois apesar de ser governador de Pernambuco, o PT de Lula e de Dilma ainda é imbatível nessa região".
Para o também cientista político do Insper, Humberto Dantas, o périplo que Eduardo Campos vem fazendo faz parte dos "15 minutos" do presidenciável para estabelecer contato com os empresários e tentar impressionar. "Ele precisa impressionar o empresariado. Ele não tem a máquina pública ao seu lado, como o PT, e o peso histórico do PSDB. Ele precisa passar uma boa impressão", resumiu o especialista. Dantas lembra que, em período pré-eleitoral, os empresários costumam ser "só sorrisos" com os presidenciáveis. "Dificilmente empresários desta magnitude não vão receber alguém com potencial para ser candidato à Presidência da República", disse.
Na avaliação de Dantas, Campos está aproveitando a disposição do setor em ouvi-lo para tentar reduzir a desvantagem natural que tem em relação à presidente Dilma e ao senador Aécio Neves (PSDB), que têm mais estrutura para disputar a sucessão presidencial. "O desafio dele (Campos) é expressivo e ele está correndo contra o tempo", concluiu.