Os outros ministérios com mineiros no timão são o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, nas mãos de Fernando Pimentel (PT) desde o início do governo Dilma, e Agricultura, chefiado por Antônio Andrade (PMDB), que entrou para a cota do estado na semana passada. Pimentel, companheiro de Dilma na luta contra a ditadura militar, também é considerado como indicação pessoal da presidente.
A vontade do Palácio do Planalto de ter mais mineiros no ministério tem objetivo bastante claro. Nascida em Belo Horizonte, a presidente não quer ver adversários políticos no estado afirmando, durante a campanha eleitoral do ano que vem, quando deverá disputar a reeleição, que ela dá preferência a outras unidades da Federação na composição do governo.
Na avaliação de um dos deputados mineiros do PR cotados para o Ministério dos Transportes, Aracely de Paula, que é advogado, o cargo estará em boas mãos, seja qual for o escolhido. Apesar de todo o cuidado, o parlamentar avalia que a pasta já deveria estar sendo comandada por um mineiro há mais tempo. “É uma vocação e também uma necessidade. Temos a maior malha rodoviária do país. Além disso, o desenvolvimento traçado pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek rumo ao Oeste do país foi todo feito a partir do sistema viário do estado”, argumenta.
Para o também advogado Bernardo Santana, presidente do PR em Minas, obras que se arrastam há décadas no estado e que são importantes para todo o país poderão ser concluídas caso um nome de casa assuma o ministério. “Tem a duplicação das BRs 040 e 381 e o Anel Rodoviário de Belo Horizonte”, cita. Outro fator mencionado por Santana é que o estado, na avaliação dos parlamentares mineiros, tem participação pequena no ministério de Dilma.
Ex-líder do PR na Câmara, o deputado Lincoln Portela teria o apoio do senador Alfredo Nascimento (AM), presidente nacional do partido, que já foi ministro dos Transportes. Radialista, o parlamentar mineiro tem ainda a seu favor o fato de ter bom trânsito entre os colegas deputados.
Em meio aos cotados para o cargo, Jaime Martins é o mais animado. Depois de romper a barreira da discrição, afirmando que no momento “há vários cenários e nada é definitivo”, ele disse que seu nome vem sendo lembrado para o cargo pelo currículo que possui. “Fui presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara. Sou ainda especialista em ferrovias. Conheço bem os sistemas de trens de alta velocidade de países como o Japão e França, além de ter participado de um seminário sobre o setor na China”. Jaime Martins é engenheiro. A escolha do novo ministro poderá acontecer na terça-feira, quando a presidente voltará a se reunir como representantes do PR em Brasília.
Apoio
Na convenção que reconduziu Carlos Lupi à Presidência do PDT, o ex-ministro não garantiu apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, apesar de seu grupo ter retomado espaço no governo, com a indicação de Manoel Dias para o Ministério do Trabalho. O PDT elegeu sua nova executiva nacional, mas excluiu dos cargos o ex-ministro Brizola Neto, que até então ocupava a vaga de segundo-vice-presidente. Segundo Lupi, o apoio a Dilma será discutido em reuniões do partido nos estados, ao longo deste ano. “Nós vamos ficar sempre ou com candidatura própria ou com a candidatura de alguém que represente essas conquistas que defendemos. A relação com o governo está boa, mas pode melhorar”, disse.