Isabella Souto
A sopa de letrinhas partidárias está prestes a ganhar mais uma combinação: o PMB, ou Partido da Mulher Brasileira. Para que a recém-criada legenda seja formalizada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), falta relativamente pouco: cerca de 25 mil assinaturas de eleitores em dia com suas obrigações. Esse número as representantes da legenda tentarão conseguir em Belo Horizonte, a partir desta segunda-feira, quando farão uma mobilização no Centro durante todo o dia. Enquanto isso, o partido já tem cores – vermelho e azul –, símbolo e ideologia. Vai integrar o grupo de direita, que aliás é oposição ao governo da primeira mulher a chegar ao Palácio do Planalto, a petista Dilma Rousseff.
A ideia de criar uma legenda voltada para elas surgiu da necessidade de a mulher se impor no meio político, explica a presidente nacional do PMB, Suêd Haidar. “Hoje as mulheres são procuradas apenas para preencher a cota mínima de candidatas durante as eleições. Nunca têm voz”, diz. A primeira bandeira já está na ponta da língua: que as mulheres casadas tenham reconhecido seu documento de solteira. Isso porque 70% das assinaturas coletadas não foram aceitas pela Justiça Eleitoral porque o nome não bateu com aquele do título de eleitor. “As mulheres se casam e trocam todos os documentos, menos o título. O curioso é que para votar ele serve, para ajudar a criar um partido, não”, reclama Haidar.
A partir da criação formal – durante a convenção nacional marcada para 30 de abril, em Brasília –, as integrantes do PMB terão a missão de convencer as mulheres a votar em pessoas do mesmo sexo. Para isso, já estão nos planos da direção aulas de política nos municípios onde o partido estiver instalado. Mas engana-se quem pensa que o PMB será um partido feminista – alerta a presidente estadual, Rosimere Machado de Jesus. “Somos o partido da igualdade, com o mesmo direito para homens e mulheres”, diz ela, que já foi filiada ao PTC, PTB e PRB e já perdeu disputas para vereadora, deputada federal e estadual.
A igualdade entre os sexos passa até pelo comando da legenda. Embora a maioria dos diretórios tenha mulheres na presidência, há aqueles presididos por homens, mas desde que haja indicações femininas para os demais cargos de direção. Em Minas Gerais, a bandeira dos filiados será a mudança nas leis e a defesa de empregos de qualidade para as mulheres. “Com um partido nosso, quem sabe nossa vida vai mudar? É uma esperança”, afirma a dirigente partidária.
Caçulas Para conseguir o registro no TSE, o PMB precisa de no mínimo 500 mil assinaturas validadas. Em Minas Gerais, são necessárias 51.425 assinaturas e ainda a homologação de diretórios em pelo menos 87 cidades. Em 13 estados o diretório regional já está formado. O site da legenda na internet traz material para divulgação, modelo de camiseta e banner. Há ainda um link para baixar o estatuto da legenda e uma cartilha com as propostas. A meta é disputar todos os cargos em 2014, o que inclui a sucessão da presidente Dilma Rousseff.
O Brasil tem hoje 30 partidos políticos registrados no TSE. Os caçulas são o Partido Ecológico Nacional (PEN), registrado em 19 de junho do ano passado, e o Partido da Pátria Livre (PPL), oficializado em 4 de outubro de 2011.
Saiba mais
Criação de partido
Para começar a formar um partido é preciso ter no mínimo 101 fundadores com domicílio eleitoral em um terço dos estados, elaborar um programa e estatuto que será publicado no Diário Oficial da União. Passada a primeira etapa, terá o estatuto registrado aquele que comprovar o apoio de eleitores correspondente a pelo menos 0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados – excluídos os brancos e nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos estados, com um mínimo de 10% do eleitorado que haja votado em cada um deles.