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Estado de Minas

Eduardo Campos e Dilma trocam farpas em palanque dividido em Pernambuco

Em evento ao lado de Campos, Dilma destaca necessidade de coalizão, enquanto pré-candidato sinaliza futuro rompimento


postado em 26/03/2013 06:00 / atualizado em 26/03/2013 07:34

Aline Moura
Enviada especial

Paulo de Tarso Lyra


Serra Talhada (PE) e Brasília – No reencontro com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), após ele dizer que “é possível fazer mais pelo país”, a presidente Dilma Roussef desfiou o discurso preparado pelo PT para confrontar o possível adversário ao Palácio do Planalto em 2014: o estado administrado pelo presidente do PSB cresceu graças ao apoio que teve do governo federal. “Se juntamos os investimentos federais e aqueles feitos pelas nossas estatais, chegamos a um volume extraordinário de R$ 60 bilhões em Pernambuco”, discursou Dilma, depois de anunciar a liberação de R$ 2,8 bilhões de novas obras para o estado.

A presidente esteve no sertão de Pernambuco para participar da inauguração da Adutora do Pajeú, em Serra Talhada. Ela não poupou elogios a seu antecessor e padrinho político,  Luiz Inácio Lula da Silva, a quem creditou a instalação de “um novo ciclo de desenvolvimento, que contempla todo o povo brasileiro”, fazendo questão de lembrar que ele é pernambucano.

 Depois de reforçar “o carinho” do PT  com o estado governado por Eduardo Campos, entretanto, Dilma cobrou lealdade. E disse que o país, para continuar crescendo, precisa de parceiros comprometidos com esse objetivo. “O Brasil vai continuar numa trajetória de estabilidade e controle da inflação, mas de crescimento. Vamos provar que o país só será forte e desenvolvido se tivermos a determinação e a coragem de continuar por esse caminho, de construir democraticamente uma coalizão para dirigir esse país. Nenhuma força política sozinha é capaz de fazer esse caminho”, avisou a presidente.

Sob o sol escaldante da região sertaneja, não faltaram recados indiretos, anúncios bilionários e semblantes fechados. A tônica de Dilma no discurso proferido para mais de 5 mil pessoas no Parque de Exposição, era: “ajudo Pernambuco, não esqueço o Nordeste e não faço retaliações”. A de Eduardo Campos, em palavras “mansas”, como ele mesmo disse era: água é um direito e o tratamento igual para todos os estados, um dever.

 O governador, nitidamente incomodado,  fez questão de destacar as realizações de sua gestão. “Aqui há dois governantes que deixam como legado uma prática política republicana, não como uma dádiva do governo, mas como um direito da cidadania brasileira”, disse o socialista.

A saia-justa prosseguiu com os discursos da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e do ministro de Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que falaram sobre os investimentos do governo federal em Pernambuco e sobre a ausência de retaliações em virtude da coloração partidária. Mais uma vez, ficou claro o distanciamento político entre PT e PSB, iniciado desde que Campos começou a articular, com políticos e empresários, uma possível candidatura ao Palácio do Planalto no ano que vem.

Campos justificou a recepção calorosa pelo perfil do povo pernambucano, mas fez críticas à política de combate à seca, lembrando das perdas para os agricultores, e insinuou o rompimento futuro, mas sem rompantes imediatos. “Dentro de cada pernambucano existe um pouco de sertão. Somos secos às vezes no trato, mas somos generosos nas horas mais difíceis. Somos mansos, presidente, até porque o sertanejo tem que poupar energia. Os gestos são calmos, mas aqui há uma gente que tem uma coragem que não se pode duvidar dela”, avisou.

 


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