Alice Maciel e Bertha Maakaroun
Faltam ainda 18 meses para a eleição, mas Belo Horizonte já começou a viver um forte clima de campanha. Nessa segunda-feira, dois dos principais nomes da política mineira deram e receberam sinais claros de que vão figurar nas urnas em 2014 como candidatos à sucessão do governador Antonio Anastasia (PSDB). De um lado, o senador Clésio Andrade (PMDB) participou pela manhã de um evento partidário em que recebeu o apoio em peso de caciques da legenda. Do outro, o atual vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) se encontrou à tarde com o futuro presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), e admitiu que é pré-candidato ao governo do estado.
"A minha disposição é total. Fico muito honrado, sou um soldado do partido"
Clésio Andrade (PMDB), senador
A nomeação do deputado federal Antônio Andrade (PMDB) para o Ministério da Agricultura reforça o compromisso da legenda em Minas pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), mas a relação política com o PT de Minas é outra história. Ao contrário de garantias de que peemedebistas marcharão no estado no ano que vem ao lado dos petistas na disputa pelo Palácio Tiradentes, ontem o deputado federal Saraiva Felipe declarou, após assumir a presidência da legenda em Minas, que o projeto do partido é eleger o governador de Minas no ano que vem. “Temos o senador Clésio Andrade disposto a isso. É o nome que se apresenta e é a pessoa em que vamos investir para que ocupe essa posição”, anunciou Saraiva Felipe, logo após homenagear o ministro Antônio Andrade com uma placa da comissão executiva mineira e dele receber a transmissão do cargo de presidente do partido.
Apesar de no PT o candidato ao governo de Minas ser Fernando Pimentel (PT), ministro da Indústria, do Desenvolvimento e do Comércio Exterior, o PMDB avisa que não cogita uma chapa única com posição secundária. Um a um, membros da comissão executiva do PMDB lançaram Clésio Andrade ao governo. Outros tantos chamaram o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa ou o deputado federal Newton Cardoso para concorrer ao Senado Federal. “A vontade do PMDB é ter candidatura própria, chapa completa. Clésio é nosso pré-candidato ao governo de Minas”, sustentou Antônio Andrade. “Toda vez que o PMDB lançou candidato ao governo e ao Senado, elegeu uma grande bancada estadual e federal”, acrescentou Hélio Costa.
Há alguns anos se estruturando para este momento, Clésio Andrade confirmou: “A minha disposição é total. Fico muito honrado, sou um soldado do partido”. Ao mudar do PR para o PMDB, no ano passado, Clésio já havia negociado no PMDB a indicação de sua candidatura ao Palácio Tiradentes. “Agora já se inicia um processo de procura por alianças, vamos criar um programa comum e com isso poderemos conquistar o governo de Minas”, afirmou. Depois de confirmar a aliança do PMDB com o PT pela reeleição de Dilma, Clésio assegurou: “Em Minas, o PMDB terá candidatura própria, tanto a governador quanto ao Senado, inclusive acho que Hélio Costa é o nome mais forte para disputar ao Senado”.
Indagado sobre como reagiria se sondado pelo PSDB para ser o candidato ao Senado da legenda, Clésio, que foi vice-governador no primeiro mandato de Aécio Neves (PSDB), afirmou: “A partir do momento em que a presidente indica um ministro mineiro, mas também considerando a aliança que já existe, ela consolida o projeto de alinhamento político. Qualquer candidatura ao governo de Minas também será alinhada ao governo federal”.
"Tenho de reconhecer que o meu nome representa uma das alternativas"
Alberto Pinto Coelho (PP), vice-governador
Com o apoio do senador Ciro Nogueira (PP-PI), provável presidente nacional do PP, o vice-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP), afirmou ontem ser pré-candidato ao governo do estado. Segundo ele, existe a possibilidade de o cenário de 2010 se repetir. Naquele ano, Aécio Neves (PSDB) deixou o governo para disputar o Senado e em seu lugar assumiu o então vice, Antonio Anastasia (PSDB), que se reelegeu.
Alberto Pinto Coelho observou que todas as articulações para 2014 vão depender da evolução da candidatura do senador Aécio Neves. “Mas, eu tenho de reconhecer, estando na vice-governadoria, que o meu nome representa uma das alternativas”, afirmou.
Para o senador Ciro Nogueira, Minas Gerais é “a joia da coroa” do partido nas eleições de 2014. Segundo o senador, Minas é o estado mais emblemático da Federação. “O que nos falta são governos estaduais. E partido político só é forte quando consegue conquistar governos estaduais. Nós temos oito candidatos em potencial, estamos ainda tentando criar algumas alternativas em alguns outros estados. Mas nós vamos entrar muito forte e a joia de nossa coroa é o estado de Minas Gerais”, afirmou.
Ciro Nogueira é o único candidato à presidência do partido e conta com o aval do atual dirigente, senador Francisco Dornelles (RJ), que ganhará o título de presidente de honra da legenda. Ele contou que, se eleito, vai criar o conselho de candidatos ao governo, que terá como presidente Alberto Pinto Coelho. A convenção da legenda, que vai definir a nova executiva, está marcada para 11 de abril.
O senador manteve em aberto a sua posição para a corrida presidencial de 2014. Nas últimas eleições, o PP não coligou nacionalmente e deixou que cada executiva estadual definisse o caminho que iria tomar. No plano nacional, o partido é aliado ao Palácio Planalto. “Nós temos uma parceria muito forte com o governo Dilma Rousseff. Em meu estado eu apoiei a presidente, que é muito bem avaliada pelo país. Mas é uma discussão que ainda nós vamos ter, não parte de uma decisão do presidente do partido. Uma das coisas que nós vamos levar em conta é a opinião de Alberto Pinto Coelho”, afirmou o senador.
O vice-governador afirmou que vai trabalhar para que o partido se alinhe à candidatura de Aécio à presidência. “Eu diria que esse é o esforço que tem que ser feito. Mas todos os partidos têm várias realidades regionais e estaduais e o PP não foge a essa regra. Então nós temos situações em que o PP está alinhado com o PSDB, como é o caso de Minas. Assim como em outros estados, o PP já apoiou o PT. Naturalmente, o partido vai ter que tomar uma posição”, afirmou, e acrescentou: “O que eu posso assegurar é que a maioria dos pré-candidatos aos governos estaduais é alinhado com o PSDB”.