São Paulo, 26 - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira uma solução política para a crise econômica mundial e fez duras críticas à falta de ação das lideranças atuais em busca de uma resolução para os problemas econômicos e seus impactos sociais. "Os representantes da União Europeia estão aquém das necessidades do bloco para tomar decisões", exemplificou. "A ONU não representa hoje o mundo no século XXI, está superada no tempo e no espaço e carente de novas lideranças", completou o ex-presidente no evento "Novos Desafios da Sociedade", em São Paulo.
O ex-presidente pediu também que o incentivo ao consumo ocorrido no Brasil para mitigar os impactos da crise de 2008 fosse adotado como exemplo para reativar a economia mundial neste momento. Ele voltou a falar que os impactos da crise de 2008 no Brasil, à época, foram só uma marola. "Durante a crise eu não fui compreendido, eu disse que era uma marola e fiz apologia ao consumo pois se os brasileiros não consumissem, a crise chegaria. Não sei se foi só isso, mas a crise foi só uma marolinha no Brasil", reiterou.
Lula disse, ainda, que uma parte dos US$ 9,5 trilhões utilizados para a crise atual deveria ser aplicada em desenvolvimento e que o US$ 1,7 trilhão gasto na guerra do Iraque poderia ser transformado em uma bolsa família para 1,5 bilhão de pessoas que passam fome no mundo.
Campos
Lula evitou comentar a possível candidatura à sucessão de Dilma Rousseff do ainda aliado governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). "Eu não sei se ele vai ser (candidato)", disse Lula. Indagado se uma possível saída do PSB da base poderia abalar o governo, Lula foi lacônico: "Eu não trato disso".
O ex-presidente evitou ainda comentar as críticas feitas na segunda-feira pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, no congresso do PSDB, afirmou: 'eles não sabem governar', em referência ao governo do PT e da presidente Dilma. "Eu nem vi", concluiu o petista.