Brasília – A eleição do presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, responsável por julgar o comportamento dos parlamentares e analisar processos de cassação, foi adiada ontem após ser vinculada a negociações partidárias e à criação de cargos. O acordo da Mesa Diretora com o PDT para o partido indicar o comando do colegiado foi alvo de questionamentos e o impasse acabou no colégio de líderes. Por ter um candidato avulso, o PSD foi ameaçado pelo PMDB de perder as vagas que seriam criadas para o partido em votação no plenário, que acabou adiada para 2 de abril.
Mesmo com os apelos – inclusive de líderes do próprio partido – para que desistisse, Izar não recuou e pediu que a decisão fosse tomada no voto, que é secreto. Uma das causas para ele querer comandar o conselho – e para alguns partidos não o quererem no cargo – é a lista dos processos que podem chegar ao colegiado ainda este ano: dos condenados na ação penal do mensalão, do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e até de Marco Feliciano (PSC-SP), o polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
De acordo com integrantes do conselho, Izar chegou à sessão com pelo menos 14 dos 21 votos garantidos – precisa de 12 para ser eleito. Temendo a vitória de Izar, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), entrou em campo com uma ameaça clara: “Essa quebra de acordo terá uma consequência negativa em cascata à Casa. Não permitirei que, no plenário, se vote mais nada, inclusive os cargos do PSD, enquanto esse processo não for resolvido”.
A ordem do dia no plenário começou mais cedo e a votação teve que ser adiada para a próxima semana. Como prometido por Cunha, o impasse teve consequências. O projeto de resolução que cria 30 cargos para o PSD na Câmara estava na pauta do plenário e teve a votação adiada.