Ainda falta um ano e meio para as próximas eleições, mas pré-candidatos ao pleito de 2014 já começaram a procurar cursos que se propõem a preparar políticos para a disputa. A oferta é grande. Estratégias para se aproximar do eleitor, falar em público, arrecadar recursos e fazer o corpo a corpo são ensinadas nas aulas. E o candidato nem precisa sair de casa. Há cursos a distância e, para quem preferir, especialistas também preparam aulas presenciais, com disciplinas para todos os gostos, que incluem desde noções de como se portar na campanha a como agir depois de eleito. Os resultados, entretanto, nem sempre são satisfatórios, já que os conteúdos são padronizados, alertam especialistas.
“Saiba como aplicar o mais antigo e um dos mais eficientes meios de campanha eleitoral”, oferece um site voltado para a preparação de políticos. No curso on-line, que custa R$ 70, o candidato tem disciplinas sobre como fazer o corpo a corpo em eventos, nas ruas, nos últimos 10 dias de campanha e até na boca de urna. Aulas de financiamento e de campanha porta a porta também podem ser adquiridas pelo portal.
O professor Acácio Garcia, especialista em ensinar oratória para candidatos e políticos que estão no Legislativo, observa que muitos têm carisma, são bons captadores de votos, mas não sabem falar nem se colocar quando estão na tribuna. Ele oferece curso em quatro dias, com aulas de quatro horas, que custa R$ 800, voltados para a “comunicação total”, que passaria pela escolha das palavras, tonalidade de voz e postura.
O futuro candidato também encontra na internet ofertas de cursos sobre como interpretar a imagem a ser exibida aos eleitores, marketing pessoal e como se tornar uma personalidade atraente e influenciar pessoas e grupos. As maneiras de se relacionar com a mídia, como se portar na gravação do programa político e como ser seu próprio assessor também estão entre os temas abordados.
Nas aulas direcionadas para os políticos entram até mesmo técnicas de memorização, que ajudariam o candidato a citar números expressivos e dados importantes em seus argumentos, além de guardar nomes de pessoas importantes e possíveis eleitores influentes.
Informação O cientista político Rudá Ricci avalia que esses cursos servem para o político adquirir informação básica que lhe permita montar uma equipe sem ser enganado. Ele considera, no entanto, que os conteúdos oferecidos não são suficientes para quem quer se eleger. Na campanha, diz Ricci, o político precisa trabalhar suas peculiaridades, o que contrasta com cursos padronizados. Diferentemente de Ferraz, ele acredita que os candidatos brasileiros não têm vergonha de se preparar. “Pelo contrário”, garante.