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Estado de Minas

"Marxização" vira contraofensiva no Vaticano


postado em 31/03/2013 06:00 / atualizado em 31/03/2013 08:01

Cidade do Vaticano – A contraofensiva à missão do cardeal dom Paulo Evaristo Arns para influenciar o Vaticano a combater as ditaduras foi encabeçada pelo secretário-geral da Celam, Alfonso López Trujillo, bispo auxiliar de Bogotá e conhecido por seu conservadorismo. Sua meta era usar o evento para combater o que chamava de "marxização da Igreja" e, principalmente, os defensores da Teologia da Libertação.

Em Roma, fontes confirmam que Trujillo impediria a ida a Puebla de bispos ligados a essa tendência e ainda enviaria a cada participante livros como Cristianismo e Marxismo, de G. Cottier, e estudos sobre segurança nacional. O próprio João Paulo II – conhecido por sua posição anticomunista – colocaria seu peso na defesa da visão de Trujillo.

O texto final seria uma demonstração desse choque entre diferentes alas dentro da Igreja latino-americana e da ação de Arns, que acabou conseguindo incluir referências de peso político. De um lado, a declaração de Puebla admitiu o fato de que os latino-americanos "viviam uma situação de permanente violação da dignidade da pessoa". "A isso se somam as angústias surgidas pelo abuso de poder, típicos dos regimes de força. Angústias pela repressão sistemática ou seletiva, acompanhada de delação, violação da privacidade, torturas, exílios", afirmava o documento, sem citar textualmente as ditaduras.

Para tratar dos regimes militares, a Igreja preferiu referências indiretas. O texto também destacou as "angústias em tantas famílias pelo desaparecimento de seus seres queridos, dos quais não podem ter notícia alguma".

Mas o documento também trouxe fortes críticas contra os dissidentes, principalmente aqueles que haviam recorrido às armas. A declaração final de Puebla condenaria as "angústias pela violência da guerrilha, do terrorismo e dos sequestros realizados por extremismos de distintos signos que igualmente comprometem a convivência social".

Com 91 anos, Arns – arcebispo emérito de São Paulo – leva desde 2007 uma vida reclusa e dedicada às orações no convento das Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral, em Taboão da Serra.


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