De acordo com a avaliação inicial da advogada, Marin não foi uma figura destacada entre os políticos que apoiaram a ditadura militar. “Pelas informações que temos, ele não era tão atuante”, afirmou. “As suas manifestações de apoio foram episódicas. Era um deputado silente”.
O anúncio do encontro com a Comissão ocorre um dia após o deputado ter ido à sede da CBF, no Rio, para entregar uma petição pública, com 55 mil assinaturas, pela saída de Marin da presidência da entidade. Romário acompanhava o organizador da petição, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog.
Segundo informações reunidas por Ivo, o presidente da CBF participou indiretamente do assassinato de seu pai, sob tortura, em 1975. Na época dos acontecimentos, Marin era deputado estadual, filiado à Arena, partido que dava sustentação política à ditadura. Um pouco antes do assassinato, em aparte ao discurso de um colega de partido, na Assembleia, ele cobrou das autoridades esclarecimentos sobre a infiltração de comunistas na TV Cultura de São Paulo.
Herzog, que trabalhava na Cultura e era filiado ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso e assassinado logo em seguida, nas dependências do 2.º Exército, em São Paulo.
No mês passado, no dia 14 de março, Romário fez um discurso na Câmara para falar do caso e pedir a saída de Marin. Foi quando mencionou pela primeira vez que pediria ajuda à Comissão da Verdade para a investigação. “As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras”, disse.
O aparte de Marin foi lembrado nesta terça por Rosa Maria. Em seguida, porém, a advogada observou que teria sido uma das manifestações “episódicas” de apoio do então deputado à ditadura. “Fora esse discurso, há poucos pronunciamentos dele.”
Para Ivo, o filho do jornalista, o papel de Marin não pode ser subestimado. Ele tem lembrado nas manifestações contra o presidente da CBF que, um ano após o assassinato do pai, o então deputado arenista subiu à tribuna para elogiar o delegado Sérgio Fleury, apontado por organizações de direitos humanos, como um dos mais ativos e violentos agentes da repressão no período ditatorial. Marin disse na ocasião que ele era um “herói”.