Está marcada para esta quarta-feira à tarde mais um round no que se transformou em “ringue de pugilato” a eleição e posse do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC/SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH) da Câmara dos Deputados. A reunião de hoje é mais uma tentativa de dar prosseguimento aos trabalhos de votação de projetos e requerimentos relativos a assuntos pertinentes à cidadania. Na pauta de votação da CDH desta quarta-feira estão oito requerimentos, entre eles uma moção de repúdio ao comportamento homofóbico do presidente Nicolas Maduro da Venezuela, em discurso de campanha à reeleição, contra o candidato da oposição, Henrique Capriles".
A pauta de discussões de hoje pode mais uma vez, contudo, ser protelada. Afinal, sob a presidência de Feliciano, todas as reuniões terminaram em manifestações de protestos sem que nenhuma matéria fosse apreciada. E se depender da vontade só dos opositores de Feliciano, essa comissão deve continuar com os trabalhos paralisados até que o deputado aceite renunciar ao cargo – que, nesse caso, de acordo com o estatuto da Câmara dos Deputados, só pode acontecer se for de livre e espontânea vontade de Feliciano, que está sendo rechaçado em função de declarações de cunho racista e homfóbica, registradas na redes sociais e em vídeos que circulam na internet.
O cerco em torno de Feliciano está ficando cada vez mais apertado. Ele começa a perder apoio até entre seus correligionários. Um exemplo claro dessa dissidência aconteceu com a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), que ameaçou deixar a vice-presidência da comissão. Ela acabou voltando atrás, depois de um pedido de desculpas do colega. Mas nos bastidores, boa parte da bancada evangélica na Câmara dá sinais de que “jogou a toalha” sobre o caso Feliciano.
Em contrapartida, depois de representante do PPS sugerirem uma renúncia coletiva de todos os integrantes da comissão, a deputada Iriny Lopes (PT-ES), ex-ministra de Política para as Mulheres e que já presidiu a comissão, protocolou pedido de abertura de processo disciplinar contra o pastor, por causa das declarações que ele fez no fim de semana, durante pregação em Passos, no Sul de Minas — de que a comissão era dominada por “Satanás” antes de sua eleição para o cargo.
Feliciano resiste
Por sua vez, Feliciano resiste aos protestos pressões para renunciar e prossegue sem arredar pé da presidência da CDH, cargo que ele diz que só sai de lá morto. Além dos pedidos de desculpas - que volta e meia dirige à sociedade ou algum parlamentar que se sente ofendido por sua conduta-, o pastor e deputado segue polemizando, na tentativa de ganhar a adesão de apoiadores, dessa vez contrários aos aborto. Na última segunda-feira, ele incluiu a mãe dele em sua defesa, afirmando que ela foi dona de uma clínica de abortos. “É uma tortura. A vida é um dom de Deus. Só Deus dá, só Deus tira”, afirmou o pastor, em tom de lamúria de auto-piedade.