Em mais uma tentativa de romper as resistências do PSDB paulista contra sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2014 e marcar presença entre o eleitorado do maior colégio eleitoral do país, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) participou ontem, em Santos, de um congresso municipalista, a convite do governador tucano Geraldo Alckmin (SP). É a segunda vez em menos de um mês que o senador vai ao estado, onde já tem pelo menos mais uma visita agendada: vai participar das comemorações do Dia do Trabalho, em 1º de maio, na capital.
O discurso de Aécio foi na linha dos anseios dos prefeitos. O tucano defendeu um novo pacto federativo, que proporcione mais dinheiro aos municípios. Segundo o presidenciável, as mazelas do país nas áreas da saúde, educação e segurança, entre outras, se devem à fragilização da Federação. “Hoje, recaem sobre as costas, sobre as responsabilidades municipais, encargos cada vez mais vultuosos e expressivos, enquanto não há garantia sequer de que os municípios receberão as receitas programadas, seja em razão da queda da participação, a partir das desonerações, de IPI e Imposto de Renda, seja por inúmeros outros fatores”, afirmou.
Segundo o senador, a concentração de recursos nas mãos do governo federal, que é uma das principais queixas dos prefeitos, vem desde a proclamação da República e se sustentou ao longo da história. "Veio a revolução de 1964, novo período de grande concentração de poder nas mãos da União, apesar de ter sido um período em que foram criadas políticas compensatórias para determinadas regiões menos desenvolvidas", lembrou.
Serra ausente
Com a largada antecipada para a corrida eleitoral entre os pré-candidatos à sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT), o senador mineiro tem investido nas andanças pelo Brasil. Colocado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como o candidato óbvio do partido e com o apoio de Alckmin, Aécio quer conquistar a ala do partido aliada ao ex-governador José Serra (PSDB), que tentou duas vezes chegar à Presidência. Serra porém, deixou de participar pela segunda vez ontem de um evento em São Paulo no qual Aécio foi prestigiado pelos colegas de partido – a primeira foi no seminário do PSDB, em 25 de março.
Aécio criticou o governo federal, que segundo ele, tem a prática diferente da propaganda. Na segurança pública, por exemplo, o tucano afirmou que enquanto a União fala de sua participação, 87% do que se gastou com o setor no ano passado veio de municípios ou dos estados. “O governo federal não executou sequer 24% do orçamento aprovado – não digo de um recurso ilusório, que não existia. Do Orçamento aprovado pelo Congresso no exercício de 2012, foi de 24% a execução na área de segurança”, disse.
Alckmin, que recentemente declarou apoio à candidatura de Aécio, chamou o senador mineiro de exemplo de estadista para São Paulo e o Brasil. O governador disse ainda que o colega de partido é um homem público “vocacionado” a servir o país. O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Marcus Pestana, fez questão de mostrar o entrosamento de Aécio com os paulistas, postando uma foto no Twitter em em que, além de Alckmin, o ex-líder do PSDB Duarte Nogueira aparece comendo pastéis com Aécio, após o evento em Santos. Depois de percorrer a feira de municípios, eles foram ao Café Carioca, um ponto tradicional do Centro Histórico da cidade, que era frequentado pelo ex-governador paulista Mário Covas (PSDB).
Aécio foi convidado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT) a participar da tradicional festa de 1º de maio em São Paulo, promovida pela Força Sindical, que ele preside. Lá, o tucano terá a oportunidade de discursar para milhares de trabalhadores e se aproximar mais do segmento sindicalista, tão caro ao PT de Dilma Rousseff. Este ano, o evento comemora os 70 anos das leis trabalhistas e será na Praça Bagatelle, no Campo de Marte, Região do Anhembi. É são esperados 1,5 milhão de pessoas.