Jornal Estado de Minas

Mais um partido rachado em Minas

O posicionamento político em relação às eleições de 2014 rachou o PSD de Minas Gerais

Bertha Maakaroun - enviada especial
O PSD de Minas Gerais vai se debruçar nesta segunda-feira sobre uma questão que racha o partido: o posicionamento político em relação às eleições de 2014. Desde a eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte no ano passado, ficaram explicitas divergências profundas: uma parte do PSD apoiou a candidatura de Marcio Lacerda (PSB), seguindo orientação do PSDB em Minas; a outra parte ficou com Patrus Ananias (PT), dentro do encaminhamento da executiva nacional do ex-prefeito Gilberto Kassab. Com o debate da sucessão antecipado, a executiva nacional faz consultas aos diretórios estaduais para que opinem. Até agora os seis estados ouvidos – Mato Grosso, Bahia, Pará, Amazonas, Rondônia e Piauí – se manifestaram pelo apoio a Dilma Rousseff. Mas em seu conjunto, a bancada federal do PSD, que renderá dois minutos de televisão ao candidato que apoiar, não é diferente da bancada mineira: há uma miscelânea de posições.
Entre os mineiros, há quem defenda o apoio a Dilma Rousseff no plano nacional e ao grupo tucano de Aécio Neves no estado e há aqueles que querem o apoio a Aécio no plano nacional e a Fernando Pimentel (PT), ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterio,r ao governo de Minas. Mas há ainda aqueles que sustentam os apoios “puro-sangue”: PSDB ou PT em Minas e na sucessão presidencial. Os mais prudentes tentam empurrar o debate. “Devemos trabalhar no momento com o governo federal sem definir qualquer apoio. Não temos ministérios nem cargos”, afirma o deputado federal Ademir Camilo. “É prematuro ter definições no momento. Não sabemos quem são os candidatos. O Aécio será? O Eduardo Campos (PSB) será? Ou será só a Dilma?”, indaga Camilo.

No plano estadual, o PSD está no governo com as secretarias Extraordinária de Gestão Metropolitana, com Alexandre Silveira, e a de Desenvolvimento Social, com Cássio Soares. À frente da dissidência partidária na eleição à PBH no ano passado, Alexandre Silveira, também participa do governo Marcio Lacerda. A sua relação com a direção estadual não anda boa: ele não tem frequentado as reuniões partidárias e não esconde que poderá deixar a legenda. “Há várias reuniões o Alexandre Silveira não participa. A direção entende que ele agiu de forma desleal com a nacional. Depois de tudo ele nem foi conversar”, afirma o deputado estadual Fábio Cherem.

O debate interno está aberto. “Não penso em sair do PSD. Quero defender dentro do partido a minha posição de apoio ao governo Anastasia e à candidatura de Aécio Neves”, afirma Cássio Soares. “Aqui em Minas o PSD tem de acompanhar Aécio. Acho que a nacional poderá liberar nos estados”, afirma Fábio Cherem. “É cedo para definir. O processo começou cedo. Temos na bancada diversas tendências e queremos a legenda unida. Vamos deixar fluir para ver a tendência que irá prevalecer”, diz o deputado federal Geraldo Thadeu. “Tivemos muitos problemas na disputa para prefeito, o que desgastou o partido, trouxe problemas internos. Queremos prorrogar, debater e vamos levar a discussão para frente”, acrescenta.