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Estado de Minas

Orgãos de controle da ditadura militar usavam metodos facistas

Documentos que estão sendo digitalizados mostram como operaram os órgãos de controle desde a década de 30, durante o governo Vargas, até os anos posteriores à ditadura militar


postado em 07/04/2013 00:12 / atualizado em 07/04/2013 08:53

Os trabalhos de mapeamento nos arquivos no Dops paulista começaram ainda em 1999, quando passaram a ser digitadas 185 mil fichas policiais envolvendo ações de militantes e grupos políticos desde o governo de Getúlio Vargas, na década de 1930, até o final da ditadura militar. Na primeira fase do levantamento – ainda sem as ferramentas necessárias para escanear os documentos na integra – foram feitas separações por temas com foco principalmente na investigação sobre a estratégia usada pelos órgãos de repressão e as mudanças com que as formas de controle se deram ao longo dos anos.

“Com esses levantamentos podemos entender como funcionou na prática a evolução dos centros de controle no Brasil. Identificamos relatórios de violências psicológicas, torturas físicas e ações de censura à informação com metodologias semelhantes às que eram adotadas pelos regimes autoritários da Europa, como da Gestapo, a polícia política de Hitler, e a polícia de Benito Mussolini”, explica a historiadora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Luiza Tucci Carneiro, que trabalha com os dados do Dops-SP desde o início das pesquisas.

A partir da década de 1960, com os Dops voltando a funcionar ativamente em vários estados por ordem do regime militar, muitas das informações levantadas nos anos anteriores envolvendo movimentações de grupos comunistas no Brasil foram reavaliados pelos órgãos de controle de informação da ditadura e serviram para que os departamentos regionais acompanhassem a movimentação de militantes.

“Essa comunicação constante para não deixar buracos sobre o que estavam fazendo aqueles que os militares consideravam terroristas nós consideramos parte de uma lógica da desconfiança. Por meio da troca de correspondência, cada centro de controle conhecia os elementos subversivos e sabia que tipo de propaganda os grupos usavam para atuar”, analisa Maria Tucci, que lembra também que muitos outros documentos continuam sob domínio dos seus produtores e caberá à Comissão da Verdade trabalhar para que eles venham à tona. Até agora já foram digitalizados 274 mil fichas policiais e 12 mil prontuários, o que representa apenas 10% do total de documentos do Dops paulista.

Rio Mais um arquivo do regime militar vai ser aberto ao público para consulta. O governo do Rio de Janeiro publicou um decreto em 21 de março dando prazo de 30 dias para que os titulares das informações manifestem interesse em manter sob sigilo a documentação que está em poder do arquivo público do estado. Os documentos que não forem alvos de pedido de sigilo terão seu acesso franqueado, de forma irrestrita, a qualquer cidadão. Assim como nos arquivos paulistas, entre os documentos do arquivo fluminense estão relatórios sobre as atividades de integralistas, comunistas e de espionagem alemã e italiana durante a 2ª Guerra Mundial. Constam ainda documentos sigilosos do Dops do Rio de Janeiro e do antigo estado da Guanabara, das polícias Civil e Militar e  de instituições penais.


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