Neste domingo, as ruas da cidade amanheceram cobertas por santinhos e panfletos anônimos em que os dois lados políticos se acusam mutuamente. Até o meio-dia, o delegado Fabiano Rueda tinha recebido quatro denúncias de compras de votos e fraudes eleitorais. Ninguém tinha sido preso.
"A política aqui é muito suja e, quando um não ganha no voto, quer levar na marra", disse o aposentado Jorge Benedito da Cruz, de 69 anos. A estudante Viviane Victor Pereira, de 18 anos, evita demonstrar a preferência eleitoral com medo de retaliação. "Se o outro lado sabe que você vota contra, começa a te olhar torto." O aposentado Roque Nunes, de 85, conta que sempre foi assim. "Antes de ser Coronel Macedo, a cidade se chamava Revolta. O nome diz tudo." Segundo ele, no século passado, algumas eleições terminaram em tiroteio.
Os dois candidatos fizeram um acordo com a Justiça Eleitoral suspendendo as carreatas para evitar conflitos entre os eleitores. O candidato do PMDB, Helinton Veiga, tinha concorrido a vice na eleição de outubro e voltou na cabeça da chapa porque o candidato a prefeito Vilson Leonel desistiu da candidatura. Ele diz que sua família tem tradição na política local. "Meu pai foi prefeito três vezes. Meu irmão foi candidato e perdeu para o lado de lá." O próprio Veiga foi vereador, assumiu a presidência da Câmara e se tornou prefeito interino antes de se lançar candidato. "Quero fazer uma gestão séria e honesta, que é o que falta aqui", disse. Segundo Veiga, a cidade ficou marcada pelos crimes políticos, como o assassinato do vereador Rivelino de Oliveira (DEM).
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Minas Gerais tem quatro novos prefeitosPanfleto falso e boca de urna marcam a disputa pela prefeitura em DiamantinaAntonio Tonon já havia sido preso em flagrante anteriormente quando tentava subornar um vereador para votar em sua mulher, Maria Aparecida Tonon (PL) para a presidência da Câmara. Com a prisão decretada após a morte do vereador, Antonio Tonon tornou-se foragido, mas acabou morrendo em circunstâncias obscuras, semanas depois, numa praia de Guaratuba, litoral do Paraná. Na época, adversários políticos disseram que ele continuava vivo e exigiram a exumação do corpo. "Fizemos a exumação e, através de exames de DNA, constatamos que o corpo era dele", disse o delegado Rueda. Dois outros acusados do crime, inclusive um ex-vereador, continuam presos.