Jornal Estado de Minas

Debate sobre sexualidade esquenta plenário da Câmara de BH

A discussão começou após o vereador Leonardo Mattos elogiar a atitude da cantora Daniela Mercury de assumir a homossexualidade

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
O direito de se manifestar de forma favorável ou contrária aos direitos dos homossexuais foi tema de debate no plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta segunda-feira. A discussão começou logo após o vereador Leonardo Mattos (PV) parabenizar a cantora baiana, Daniela Mercury, pela atitude de se declarar homossexual. “Essa mulher está fazendo um bem para o Brasil e para a humanidade”, declarou. Ainda segundo Mattos, que após um acidente de carro ficou paraplégico, o processo de discriminação é parecido entre gays e deficientes. “A discriminação dos homossexuais é pelo ódio e a dos deficientes é pela dó. Eu não sei qual é pior”, indagou.
Para ele a discussão do tema é uma questão delicada e pode permitir que o país “seja uma referência no tratamento isonômico das pessoas”. “Vamos avançar. Vamos ler. Vamos nos colocar no lugar das pessoas (...) eles têm o direito de casar com quem eles queiram. Eles têm o direito de receber heranças. Nós não podemos ficar lendo a sociedade com a bíblia”, salientou e emendou questionando: “Casamento é só coito? É só macho e fêmea?”. A única mulher na Casa, Elaine Matozinhos (PTB), concordou com o verde e disse que buscar extirpar os preconceitos é muito bom.

A fala de Mattos causou a reação do vereador Autair Gomes (PSC). Segundo Gomes, que além de parlamentar também é pastor, existe atualmente na mídia e em parte da sociedade uma super valorização das questões relacionadas à homossexualidade. “Eu como uma pessoa que prima pelos princípios da família, princípios da bíblia, eu sinto muito. Infelizmente nós temos um grande problema”, afirmou. O vereador citou uma frase que, segundo ele, seria do papa Francisco e que credita às relações homoafetivas “uma manobra diabólica contra a família”. O também vereador, Marcelo Aro (PHS), ligado aos movimentos católicos, acompanhou o colega nas críticas dizendo que não está sendo possível dar opinião contrária sobre o assunto sem ser tachado de homofóbico. “Hoje em dia para a gente falar que é heterossexual a gnt tem que pedir licença”.

Assunto recorrente


Esta é a segunda vez que questões ligadas à sexualidade e à religião vem à tona na Casa. Na semana passada, a escolha do deputado Marco Feliciano (PSC) para ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados causou polêmica. Feliciano é acusado de homofobia e racismo por ter postado nas redes sociais comentários considerados ofensivos a homossexuais e negros. Ele nega as acusações e já pediu desculpas pelas declarações publicadas na internet. Porém, a todo momento novas declarações dadas pelo parlamentar voltam a causar polêmica.