A relação entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Câmara Municipal tem apresentado indicativos de que não anda tão bem. Pelo menos em dois momentos nas últimas semanas, vereadores de partidos que formam a base de sustentação do governo de Marcio Lacerda (PSB) fizeram críticas públicas à administração do socialista ou a integrantes do primeiro escalão do governo. Seja pelo aumento dos casos de dengue na capital ou por dificuldades no relacionamento, o certo é que os parlamentares, independentemente se da base ou não, tem sido duros ao se referir à administração municipal.
Nessa terça-feira, os alvos das críticas foram os secretários de governo, Josué Valadão e o de Assuntos Institucionais da PBH, Marcelo Abi-saber, que não estariam atendendo os representantes do Legislativo. Segundo o vereador Marcelo Aro (PHS), Abi-Saber não tem se empenhado em atender as solicitações encaminhadas a ele. O único parlamentar do PHS na atual legislatura da Casa se queixou, dizendo que na última semana esteve pessoalmente na prefeitura, ligou no celular do secretário e, em nenhum dos casos, obteve sucesso. Aro teria destacado até uma pessoa que trabalha com ele para falar com Abi-Saber mas, mesmo assim, não conseguiu marcar uma audiência com ele. “É necessário ter uma atenção especial com a Câmara para que a gente consiga legislar”, protestou.
Na semana passada foi o próprio presidente da Câmara, vereador Léo Burguês (PSDB), quem pegou o microfone e protestou. Burguês apontou um déficit de 2,5 mil leitos hospitalares em BH e acusou a administração municipal de ter sido omissa com a dengue. Além disso, o tucano reclamou de questões judiciais entre o Executivo e o Legislativo e voltou a ressaltar que pretende ter uma gestão independente. “Não sou nem governo nem oposição, sou presidente da Casa”, declarou.
De acordo com o líder de governo na Câmara, vereador Preto (DEM), não existe qualquer dificuldade na relação. O que, segundo ele, tem ocorrido é um excesso de demanda por parte dos próprios vereadores que tem solicitado inúmeras audiências, principalmente com os dois secretários, e isso tem dificultado a comunicação. “Dessa forma o secretário não consegue trabalhar. Ele tem tido boa atenção. Mas ele vai atender vereador ou vai atender a cidade. Tenham calma que todos serão atendidos”, salientou. Na mesma linha, a assessoria da PBH afirmou que o secretário não iria se manifestar sobre os comentários específicos de um vereador, mas afirmou que não existe problemas nos trato com a Câmara.
Atualmente, apenas sete projetos encaminhados pelo Executivo tramitam na Casa. Apesar de alguns deles terem sido enviados em janeiro, só neste mês foi que começaram a tramitar na Casa. Isso também se deve à quantidade de vetos do prefeito Marcio Lacerda, alguns desde o ano passado, que aguardavam ser analisados e acabaram obstruindo a pauta de votações e impedindo os novos projetos de serem apreciados.