O que chama atenção, entretanto, é que essa atuação do Ministério Público foi desencadeada às vésperas da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que retira da instituição o poder de investigação. A tramitação da matéria da Câmara dos Deputados está colocando em campos opostos o Ministério Público e as polícias Federal e estaduais. A PEC 37 foi apelidada pelo MP de PEC da Impunidade, porque restringiria justamente o combate à corrupção no país. Para as polícias, por sua vez, seria a PEC da Legalidade, já que o MP não segue regras em suas investigações. Integrantes da PF, por meio da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ANPF), sentiram o golpe. O presidente da entidade, Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, escreveu no microblog Twitter: “Escolher uma data para deflagração nacional de operações com alvos, locais e naturezas distintas é tudo, menos investigação criminal séria”.
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Somente na Região Nordeste do estado de São Paulo, onde se concentrou a maior parte da operação nacional, a investida do MP desarticulou um grupo com pelo menos 13 pessoas, que movimentou, em contratos ilícitos com 80 prefeituras da região, a cifra de R$ 1 bilhão. A fraude envolvia empresários, servidores públicos e políticos, sendo que 160 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal em Jales e pela Justiça estadual em Fernandópolis.
Esquemas criminosos foram desbaratados ainda nos estados de Rondônia, onde o ex-prefeito de Porto Velho Roberto Sobrinho (PT) – afastado do cargo por suspeita de corrupção, em novembro do ano passado –, o ex-vereador e candidato derrotado a prefeito nas últimas eleições Mário Sérgio (PMN) e o diretor administrativo e financeiro da Empresa Municipal de Urbanização (Emdur), Wilson Lopes, foram presos. Desvios de recursos públicos foram combatidos ainda no Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Bahia. No Paraná, o alvo foi a lavagem de dinheiro e, em Mato Grosso, foi reprimida a venda de sentenças, sendo que em Mato Grosso do Sul foi identificada uma organização criminosa especializada na falsificação de carteiras de motoristas.
Balanço
Foram expedidos 92 mandados de prisão, 337 de busca e apreensão, 65 de bloqueios de bens e 20 de afastamento de funções públicas.