Para quem está acompanhando “a novela”, não é novidade que o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC/SP) está conseguindo impor a sua presença mesmo sob forte pressão para renunciar ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) – dando mostra que não sairia de jeito nenhum, “ só morto”, chegou a destacar. Pouco mais de um mês após ser eleito, no dia 7 de março passado, o parlamentar começa a sinalizar que não está concentrado apenas em ficar no cargo, mas também pautar quais os temas que considera mais adequados para análise do colegiado que preside.
Nessa quarta-feira, após encerrar mais uma reunião da CDHM, Feliciano soltou mais “uma pérola”. De acordo com ele, os projetos que estão para receber parecer da comissão - e, se favoráveis, liberados para votação em plenário da Câmara-, “ são muito polêmicos e causariam uma celeuma”. Redundâncias à parte, Feliciano fez um pedido aos colegas parlamentares, que pedisse à Mesa da Câmara que enviassem outros projetos à comissão que evitem o desgaste do conflito de interesses.
Até hoje, a comissão presidida por Feliciano só aprovou requerimentos para realização de audiências, sem destaque especial ou grande repercussão para nenhum dos assuntos aprovados. Em contrapartida, aguardam na fila CDHM, cuja pauta é Feliciano quem define, ente outros projetos, matérias relacionadas ao fim da discriminação contra gays e negros. Feliciano , ao que parece, está querendo fugir desses temas para evitar ser acusado, novamente, de homofobia e racismo, conforme registros de vídeos e mensagens postadas nas redes sociais.
Sem próxima reunião
Na agenda da CDHM não há previsão de data para a próxima reunião presidida por Feliciano, que encerra a semana vencendo até mesmo a pressão de lideranças da Câmara para renunciar. Na terça-feira, não surtiu efeito o apelo de lideranças partidárias, capitaneadas pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN).
Os líderes dos partidos não conseguiram demover Feliciano de continuar resistindo aos pedidos para que renuncie _ único jeito previsto no regimento interno da Câmara para um membro eleito das comissões permanentes deixem os cargos que ocupa, salvo, é claro, em caso de doença ou morte . Feliciano usou de um argumento que irritou sobretudo os petistas. Ao colegiado de líderes disse que renunciaria depois que deixassem os cargos na Comissão de Constituição e Justiça os deputados João Paulo Cunha e José Genoino , ambos do PT, e condenados no processo do mensalão.
Ao que parece , nada mais segura a performace política de Feliciano, que agora já consegue sair até sorridente das sessões da CDHM, escoltado por seguranças, e evitando encarar os manifestantes que não arredam pé dos corredores da Câmara, impedidos desde a semana passada de participarem da reuniões da comissão. A declaração de Feliciano nessa terça-feira também sinalizam o estado de ânimo do deputado. De acordo com ele, os trabalhos da comissão “estão indo de vento em polpa”.