O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), defendeu nesta sexta-feira o projeto que restringe benefícios a novos partidos, como recursos do fundo partidário e horário gratuito na TV e no rádio. A proposta prejudica os planos da ex-senadora Marina Silva, que articula a fundação da Rede. Um dos maiores defensores do projeto é o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que há menos de dois anos fundou o PSD. A criação da nova legenda é de interesse de possíveis adversários da presidente Dilma Rousseff na disputa presidencial do ano que vem, como o tucano Aécio Neves e o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
"Quem está tentando criar partido agora e buscar parlamentares à véspera da eleição é que está deturpando o processo eleitoral", disse Cunha. "Quando o PSD foi constituído pelo Kassab, não foi para ter tempo de televisão nem fundo partidário. Foi uma alternativa à janela (brecha para mudança de legenda antes das eleições) que não existia. Quem se filiou foi porque estava insatisfeito com seu partido, não foi por objetivo eleitoral, nem financeiro de ter fundo partidário, nem de montar estrutura para tempo de televisão. Quem concedeu tempo de TV e fundo partidário foi o Poder Judiciário", lembrou o deputado.
Eduardo Cunha usou o próprio exemplo: "Eu fui eleito pelo PMDB, tive 150 mil votos. O coeficiente eleitoral foi 180 mil. Usei 30 mil votos da legenda do PMDB. É justo eu levar meu tempo para outro partido? É justo eu levar o fundo partidário que o partido gastou para ajudar a dar os votos de legenda que me elegeram? Quem está tentando dar golpe é quem está se aproveitando dos partidos, que usaram suas estruturas para elegerem deputados, para levar o produto final, que é o deputado. Nós não podemos ser mercadoria. Fazer isso (criar um novo partido) agora é oportunismo eleitoral e por isso sou favorável a esse projeto", afirmou Cunha.