Sem conseguir emplacar no Congresso a reforma política, o PT apresentou nesta quinta-feira, em São Paulo, aos líderes do diretório nacional do partido, a campanha para coletar assinaturas ao projeto de lei de iniciativa popular que contempla o financiamento público exclusivo eleitoral, o voto em lista fechada e a paridade entre candidatos homens e mulheres. Além disso, o projeto prevê a convocação de uma assembleia constituinte para aprofundar a reforma política.
O objetivo é angariar, aproximadamente 1,5 milhão de adesões de eleitores, o equivalente a 1% do eleitorado nacional, em pelo menos cinco Estados, até fevereiro. Os dirigentes devem começar a recolher rubricas a partir deste sábado (13). Na reunião, que contou com a participação do ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e do deputado federal José Genoino (PT-SP), que são membros do diretório, foram oferecidos os primeiros esboços da campanha, que deverá ser coordenada pelo jornalista e marqueteiro do partido, João Santana. Estão programados quatro eventos no Rio, Brasília e Belo Horizonte, além da capital paulista, voltados para a campanha. O primeiro será na terça-feira (16), na quadra do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, na capital, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Classificado por alguns petistas de "dinheiro sujo", a doação privada para campanha eleitoral é o principal alvo da proposta encabeçada pela legenda. Segundo o presidente nacional da sigla, deputado estadual Rui Falcão (SP), o melhor caminho para a reforma é a proibição dos donativos por empresas. "É o melhor meio de combater a corrupção e baratear a eleição", argumentou.
Conforme Falcão, outro ponto fundamental para aprofundar a questão é a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva sobre a mudança política, uma vez que os parlamentares têm dificuldades para alterar a legislação eleitoral atual. "Essa última semana comprovou isso", justificou. Ele disse ainda que o objetivo da campanha é criar uma opinião pública capaz de influenciar os congressistas e convencê-los da importância do plano. Falcão admitiu também a simpatia à ideia do deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP) que limita o acesso de novas agremiações ao tempo de televisão e ao Fundo Partidário. "O projeto tem um aspecto moralizador", considerou.