Em meio às primeiras investidas de potenciais candidatos ao Palácio do Planalto em 2014, a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desembarcam em Belo Horizonte na segunda-feira para dois dias de visita. A petista chega ao reduto eleitoral do seu potencial adversário na disputa pela reeleição, o senador Aécio Neves (PSDB), com uma atrativa bagagem, que inclui liberação de maquinário para prefeitos e entrega de casas à população de baixa renda. Além de tudo isso, terá palanque político ao lado do seu padrinho em um seminário petista que comemora os 10 anos de gestão do partido no poder.
Críticas ao PSDB e discursos enaltecendo as obras do PT não faltarão no seminário O Decênio que Mudou o Brasil, que além de Lula e Dilma terá a presença do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Esse é o terceiro dos 13 encontros que o partido está fazendo pelo país para marcar os três mandatos em que o PT está no poder – o evento já ocorreu em São Paulo e Fortaleza. No estado, o tema será ensino público. Segundo o presidente do PT de Minas Gerais, deputado federal Reginaldo Lopes, as legendas da base aliada de Dilma foram convidados e o seminário, no Minascentro, será aberto ao público. São esperadas 1,5 mil pessoas. “O contraponto já existe: o PSDB no governo não fez nada e a trajetória do PT nesses 10 anos fizeram a melhor década da história no país”, alardeou.
Lula receberá o título de Cidadão Honorário de Minas Gerais na Assembleia Legislativa, evento para o qual a presença de Dilma chegou a ser anunciada. Na tarde de ontem, porém, a Presidência da República negou que ela participaria e o Legislativo desmobilizou os procedimentos para a recepção oficial. O requerimento para a homenagem foi feito pelo PT, com o apoio de vários partidos, incluindo PSDB e DEM, e dará a oportunidade ao ex-presidente de ganhar espaço entre os eleitores mineiros.
Fábrica de insulina
Na terça-feira, Dilma participa de cerimônias oficiais do governo federal. A primeira delas será o anúncio de uma fábrica de insulina que será construída nos próximos três anos em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a um custo de R$ 450 milhões. A maior parte dos recursos vem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O secretário de Atenção à Saúde do ministério, Helvécio Magalhães, antecipou ontem a linha do discurso da presidente para anunciar o empreendimento no estado. Segundo ele, a União vai corrigir um problema que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teria causado: o fim de uma antiga empresa de insulina em Montes Claros. “É um governo que não fez bem à saúde. Aceitar um dumping evidente da Novo (Novo Nordisk, laboratório da Dinamarca), que colocou o preço lá embaixo, e o ministério aceitou e destruiu a empresa?”, afirmou o representante do Planalto na coletiva.
Em Ribeirão das Neves, Dilma vai entregar 1.640 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida e reunirá prefeitos mineiros para liberar 50 retroescavadeiras e 58 motoniveladoras, equipamentos necessários para a recuperação de estradas vicinais dessas cidades. A medida faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento 2, voltado para agricultura familiar, que vai contemplar 764 dos 853 municípios mineiros. No segundo semestre eles receberão também caminhões caçamba.
Sem complexo de vira-lata
Em visita a Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o objetivo do governo é dobrar a renda per capita do país até 2022, data da comemoração dos 200 anos de independência do Brasil. A visita da presidente à capital gaúcha ocorre três dias após um de seus possíveis adversários na eleição de 2014, Eduardo Campos (PSB), cumprir uma agenda de candidato na cidade"Neste dia, vamos ter de olhar para trás e ver o que fizemos para construir a nossa soberania, o nosso desenvolvimento e o bem-estar do nosso povo. Se perguntarem para mim qual é o nosso objetivo, “direi que” o objetivo é dobrar a nossa renda per capita". Dilma anunciou também obras de R$ 2,46 bilhões em rodovias do Rio Grande do Sul e disse que o Brasil perdeu o "complexo de vira-lata" nos últimos anos. "No Brasil, havia um complexo, que uma vez um dos grandes teatrólogos brasileiros, chamado Nelson Rodrigues, chamou de complexo de vira-lata. Eu tenho certeza que, nesses últimos dez anos, se complexo algum houve, ele desapareceu porque hoje temos muita autoestima, olhamos todos de igual para igual."