Leia Mais
Polêmica com Feliciano dá maior visibilidade a questões relativas aos Direitos HumanosPreocupação com risco de retrocesso nas conquistas dos Direitos HumanosAté crianças
Nas últimas semanas, o plenário de reuniões da CDHM começou a ser tomado também por evangélicos que querem manter Feliciano no comando. Geralmente liderados por um pastor da Assembleia de Deus, eles chegam mais cedo, discretos e, de certa forma, ariscos, e ocupam os primeiros lugares da sala antes que a sessão seja fechada. Não gostam de dar entrevistas ou divulgar o próprio nome. À medida que também se viram barrados nas sessões, foram obrigados a dividir o corredor com os demais ativistas. Aumentaram em número e levaram até crianças para os protestos. Reagiram às provocações também aos gritos, com frases quase sempre destacando a palavra “família”. Um deles chegou a ser detido ao chutar o grupo adversário.
Gritos de ordem com o já famoso “Feliciano não me representa” se misturam a hinos da Igreja Evangélica. Roupas coloridas, piercings, cabelos de cortes modernos e bandeiras contra ternos e saias de tons sóbrios, discrição, cabelos longos e exibição de Bíblias. Todos garantem que participam dos protestos espontaneamente, sem serem pagos para isso, e que conseguiram folgas ou férias regulares para marcar presença na Câmara semanalmente em pleno horário de expediente.
Tiroteios
28 de fevereiro
O PSC anuncia a indicação do deputado e pastor Marco Feliciano (SP) para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Em 2011, ele escreveu no twitter que o amor entre pessoas do mesmo sexo levava “ao ódio, ao crime e à rejeição” e que os descendentes de africanos são “amaldiçoados”.
7 de março
Feliciano é eleito para a Presidência da CDHM
9 de março
Militantes em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis fazem manifestações para mostrar descontentamento com a eleição de Feliciano.
13 de março
Feliciano preside sua primeira sessão na Comissão de Direitos Humanos, em meio a muitos protestos no Congresso. Centenas de militantes foram ao plenário da comissão. Parlamentares contrários a Feliciano abandonaram a reunião e alguns quase saíram no tapa.
20 de março
Em sua segunda sessão na Comissão de Direitos Humanos, Feliciano abandona a reunião depois de apenas oito minutos. Mais uma vez, militantes gritam palavras de ordem contra o pastor e pedem a sua renúncia.
27 de março
Feliciano manda prender manifestante que, durante audiência pública, o teria chamado de racista.
29 de março
Durante culto em Passos (MG), Feliciano diz que a Comissão de Direitos Humanos, antes de ser presidida por ele, era “dominada por Satanás”.
1º abril
A vice-presidente da CDH, Antônia Lúcia (PSC-AC), se ofende com a declaração, ameaça deixar o cargo, mas depois desiste.
2 de abril
A deputada Iriny Lopes (PT-ES) apresenta à Mesa Diretora da Câmara pedido de abertura de processo disciplinar contra Feliciano.
3 de abril
Feliciano decide fechar as reuniões da Comissão de Direitos Humanos.
5 de abril
Feliciano presta depoimento ao STF, em relação à ação penal a que responde por estelionato.
11 de abril
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresenta nova representação contra Feliciano no STF, pela contratação de assessores que não trabalhariam no gabinete dele, mas em igreja evangélica.