Rio, 16 - Sob pressão de propostas que tiram poderes da Procuradoria-Geral da República (PGR), os quatro candidatos a procurador-geral da República defenderam nesta terça-feira que o novo chefe do Ministério Público Federal (MPF) abra diálogo com o Congresso, instituição que identificaram como foco de iniciativas hostis ao órgão. Uma delas é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tramita no Legislativo e cassa as prerrogativas de investigação. Parlamentares são alvo de ações movidas na Justiça por procuradores, o que tem causado ressentimento de políticos contra o MPF. De acordo com os concorrentes, há "perda de protagonismo" da PGR e avanço de propostas contrárias à instituição por causa da sentença do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, e do presumido isolamento do atual ocupante do cargo, Roberto Gurgel.
Para Deborah, os procuradores da República vivem "um momento de muita hostilidade no Congresso Nacional" menos pelo que fazem e mais pelo que não fazem. "Não vejo indignidade em o procurador-geral ter diálogo com o Legislativo", afirmou. Outro concorrente, Janot, porém, discordou da afirmativa de que o MP tem deixado de fazer coisas importantes.
"A gente tem feito, teve o (processo do) mensalão", disse. Ele afirmou que não é exatamente o que é feito pelo MP que gera problemas, mas a forma como o MP o faz. "Tenho escutado (dizerem): Não conheço tipo penal com adjetivo. Por que denúncia tem de ter adjetivo? Como restabelecer isso (o respeito)? Com diálogo franco e respeitoso", respondeu.
Segundo Sandra, não existe incompatibilidade entre a atuação do MPF e o diálogo com o Legislativo. "Temos projetos (de interesse dos procuradores) parados porque o procurador-geral não conversa com o Congresso Nacional. Os parlamentares não querem falar com servidor da Procuradoria. Querem conversar com o procurador-geral."
Os quatro candidatos a procurador-geral defenderam a manutenção das férias de 60 dias para os membros do MPF, que tem sido questionada. O mecanismo foi apontado como parte das prerrogativas do Ministério Público. O encontro foi o último de uma série de cinco, promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), antes de uma eleição na categoria que escolherá três nomes a serem encaminhados à presidente Dilma Rousseff para nomeação do sucessor de Gurgel. Desde 2003, esse trâmite tem sido respeitado pelo presidente da República na escolha do novo chefe do MP Federal.