A ampliação do direito das igrejas de entrar com Adins está prevista em proposta de emenda à Constituição (PEC) aprovada no fim de março pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e que aguarda agora a criação, pela Mesa Diretora, de comissão específica para análise do texto, conforme prevê o Regimento Interno da Casa. O autor da PEC, deputado João Campos (PSDB-GO), evangélico, informou ontem que vai pedir na semana que vem ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a instalação da comissão.
Se já estivesse em vigor, a Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB), por exemplo, poderia ter contestado a constitucionalidade de pesquisas com células-tronco embrionárias, liberadas pela Lei de Biossegurança. A saída da CNBB foi entregar documentos em que sustentou seu posicionamento diante das pesquisas ao então procurador-geral da República Cláudio Fonteles, que é católico, para contestar a lei.
Igual à CUT
Ao menos teoricamente, qualquer ação de interesse das igrejas poderia passar pelas mãos do chefe do Ministério Público Federal (MPF). João Campos, no entanto, diz que, ao entrar com a PEC, requer os mesmos direitos dados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, que, por ter alcance nacional, pode entrar com Adin no STF em processos envolvendo a categoria.
Entre as entidades religiosas de alcance nacional que terão a possibilidade de entrar com Adins caso a PEC seja aprovada, estão a CNBB, a Convenção Nacional das Assembleias de Deus e a Convenção Batista Brasileira.
João Campos acredita que a PEC será aprovada pelo Congresso Nacional sem dificuldades. A bancada dos evangélicos na Câmara é formada por 73 parlamentares. No entanto, o texto é apoiado por número bem maior de congressistas, já que para apresentar a PEC, foram necessárias pelo menos 171 assinaturas.