Ouro Preto – Um ano depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar ser constitucional a adoção de políticas de cotas raciais em instituições de ensino no Brasil, o presidente da corte, ministro Joaquim Barbosa, defendeu as cotas e disse que a decisão seguiu os ideais de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. “No Brasil contemporâneo há progressos recentes na promoção do ideário de igualdade de Tiradentes, como é o caso do reconhecimento da desigualdade e da exclusão social histórica de que foi vítima um segmento-chave da comunhão nacional, os negros, fato que levou o nosso STF a chancelar as políticas de ações afirmativas para grupos sociais hipossuficientes em universidades públicas”, declarou Barbosa.
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Em conversa com Barbosa em Ouro Preto, Aécio defende criação de TRFs em MinasEm discurso, Anastasia destaca passagens de Minas em lutas pela liberdadeHomenageado em Ouro Preto, Barbosa afirma que "Justiça por si só não existe"Entrega da Medalha da Inconfidência reúne nomes do primeiro escalão do governo'A bola está no chão', diz Calheiros sobre STFAlckmin critica PEC que submete STF ao CongressoO presidente do STF disse ainda que muito deve ser feito para que o país tenha “pelo menos uma aceitável igualdade de oportunidades para todos os nossos concidadãos”. Para Barbosa, o Estado tem o dever de garantir a igualdade de todos, principalmente com políticas públicas para quem se encontra em situação de vulnerabilidade. Para referendar a política de cotas o presidente do STF citou Aristóteles e também Rui Barbosa: “O princípio da igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam”.
A decisão do Supremo completa um ano na sexta-feira, dia 26. Na ocasião foi votado por unanimidade que é constitucional a adoção de políticas de cotas raciais em instituições de ensino. Dos 11 ministros do tribunal, somente Dias Toffoli não participou do julgamento porque elaborou parecer a favor das cotas quando era advogado-geral da União. A ação julgada, protocolada pelo DEM, questionou o sistema de cotas raciais na UnB, com reserva de 20% das vagas do vestibular exclusivamente para negros e vagas para índios independentemente de vestibular.
AUSENTES Dois dos homenageados na cerimônia ligados à presidente Dilma Rousseff (PT) não foram até Ouro Preto receber suas medalhas. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra do STF Rosa Maria Webber. Entre o primeiro escalão do governo federal, somente o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, foi à antiga capital mineira.
Já o senador Aécio Neves, provável nome do PSDB como candidato à Presidência da República em 2014, sentou ao lado direito de Barbosa e durante vários momentos da cerimônia os dois conversaram ao pé do ouvido. Do lado esquerdo de Barbosa estava o governador Antonio Anastasia (PSDB). Aécio, entretanto, em entrevista após a entrega das medalhas, descartou que a presença de Joaquim Barbosa teve um teor político. “Estamos homenageando um mineiro que é reconhecido não apenas no Brasil, mas no mundo, pela importância que tem”, afirmou o senador, que aproveitou para citar o recente julgamento do STF do mensalão, que condenou nomes importantes do PT.