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Índios foram roubados por agentes do governo depois de massacre Atrocidades contra índios ficam sem punição no BrasilDocumento que registra extermínio de índios é resgatado após décadas desaparecidoComissão do Senado discute tortura contra índios descritas no Relatório FigueiredoCardozo criará equipe para reavaliar demarcaçõesDeputado estima prejuízo de R$ 542 mi com demarcaçãoAgentes do serviço de proteção escravizavam índios, aponta Relatório FigueiredoMinistério Público busca pistas de mortes de índiosEvidências de um genocídio indígena no Brasil têm repercussão internacionalRelatório pode servir de prova para devolução de terras indígenasO Estado de Minas revelou com exclusividade desde sexta-feira os segredos do documento chamado Relatório Figueiredo, tido como desaparecido há mais de 40 anos e motivador da criação da CPI de 1968. Produzido na época a mando do ministro do Interior Albuquerque Lima, ele contém denúncias detalhadas, fotos e depoimentos de dezenas de índios e funcionários do antigo SPI sobre a morte de índios em todo o país. Como resultado da investigação, 33 pessoas foram acusadas de inúmeros crimes – entre eles Luis Vinhas –, que nunca foram apurados. Sobre o nome de Vinhas, pesam 42 acusações que nunca foram investigadas, inclusive a de um acordo com o então governador do Mato Grosso, Pedro Pedrossian, que teria usurpado 35 mil hectares de terras indígenas no estado. O relatório descreve “extraordinária ganância”, “recebimento de propina”, “chantagem e extorsão”, “desobediência a normas ministeriais” e “enriquecimento sem causa de sua pessoa e de sua companheira Terezinha de Jesus Solino Silveira”.
COBRANÇA Assunto que nunca foi investigado à fundo e tratado com a seriedade que merece, o tratamento do índios no Brasil foi alvo de CPIs em 1962 e em 1963. Em 1977, um ano depois da morte de Jader Figueiredo em um acidente de ônibus, outra CPI foi instaurada com o mesmo objetivo, mas até hoje os indígenas clamam por esclarecimentos sobre seu passado. “Este país deve alguma coisa aos povos que ajudaram a expulsar os franceses e os holandeses nos albores de nossa existência, no Rio de Janeiro e em Pernambuco”, afirmava o requerimento que criou a CPI de 1968. De certa forma, uma promessa semelhante a que fez a presidente da República Dilma Rousseff quando foi instalada a Comissão Nacional da Verdade, em maio do ano passado: “O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual”.