Jornal Estado de Minas

21 de Abril

Em conversa com Barbosa em Ouro Preto, Aécio defende criação de TRFs em Minas

Projeto foi aprovado no Congresso, mas aguarda promulgação

Daniel Camargos Felipe Canêdo
Aécio disse a Joaquim Barbosa, contrário à criação de novos tribunais, que um TRF em Minas é importante para desafogar a Justiça Federal - Foto: Maria Tereza Correia / EM / DA PRESS
Ouro Preto –
O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) conversou ontem com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, e acredita que Barbosa concorda com ele sobre a importância da criação do Tribunal Regional Federal para atender as demandas de Minas na segunda instância. “Ele tem uma posição que eu respeito, mas eu continuo achando que o TRF de Minas precisa ser criado para desafogar a Justiça Federal”, afirmou o senador. Barbosa, entretanto, deixou a cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência sem conversar com a imprensa.

Logo após a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 554, no início deste mês, o presidente do STF manifestou-se contra a criação de novos tribunais regionais federais. Barbosa chegou a encaminhar ofícios ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), criticando o aumento do número de tribunais. Com isso, Calheiros suspendeu a promulgação da PEC.
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O presidente do STF também protagonizou um bate-boca com o juiz federal Ivanir César Ireno Júnior, que é vice-presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe). O ministro considerou que os juízes agiram de forma “sorrateira” e na “surdina” para apoiarem a PEC no Congresso. “Sorrateira, não, ministro. Sorrateira, não. (De forma) Democrática e transparente”, rebateu Ivanir na ocasião.

A instalação de uma sede do TRF em Minas Gerais promete acabar com um problema que há anos incomoda população e advogados mineiros: a demora na tramitação dos processos que envolvem a União. As ações atualmente levam, em média, 10 anos para serem julgadas e apresentam uma taxa de congestionamento de 40%. Isso porque os casos que têm mineiros como parte são todos julgados no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília, responsável por outros 12 estados e o Distrito Federal. Além do novo tribunal em Minas, serão implantados três nas capitais do Paraná, Bahia e Amazonas.

Além da promulgação da PEC pelo Congresso para que o TRF mineiro, que será denominado da Sétima Região, seja criado caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) editar uma lei ordinária, determinando a criação dos cargos necessários para o funcionamento do órgão. A lei será examinada pelo Conselho de Justiça Federal (CJF) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

DEMORA Estudo da Associação dos Juízes Federais de Minas Gerais (Ajufemg) revela um imenso gargalo entre a primeira instância, sediada nos estados, e a segunda instância, em Brasília. Desde 1989, a primeira instância, presente em 214 municípios, cresceu 470%. Até 2014 chegará a 273 cidades, o que representará um crescimento de 606%. Entre 1989 e 2010, a segunda instância continuou com os cinco tribunais e o número de desembargadores aumentou 89%, passando de 74 para 139.

O quadro é mais grave na primeira região, que engloba Minas Gerais. De acordo com relatório de inspeção conjunta realizada pelo CNJ e Corregedoria-Geral da Justiça Federal, o atraso é endêmico, sendo normal que a tramitação dure até sete anos. Enquanto a taxa média de congestionamento de todos os TRFs é de 67,1%, a do TRF1 é de 87,2%.