"A intenção do Azêdo era, na verdade, quitar os débitos de Miro Lopes, irmão de Tim, que integra a chapa dele. Mas na pressa, acabou escrevendo o nome do falecido Tim. Desta forma, Miro continua inadimplente, e a Prudente de Morais tem de ser impugnada pelo mesmo motivo que a Vladimir Herzog foi impedida de concorrer. É o caso do malandro que se perde na própria malandragem", afirmou "Pagê".
Procurado pela reportagem, Azêdo disse que o Regimento Eleitoral permite a substituição de membros das chapas. Azêdo também prometeu que denunciará "Pagê" e Domingos Meirelles, presidente da Vladimir Herzog, à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio, na quinta-feira (25). "Os senhores Pagê e Domingos Meirelles estão cometendo um crime porque pegaram um cheque meu, de maneira irregular e com a conivência de funcionários da ABI, e puseram na internet com objetivos escusos", disse Azêdo, que preside a entidade desde 2004.
O pleito para presidência da ABI, marcado para sexta-feira (26), está sub judice: a 8.ª Vara Cível do Rio negou na semana passada pedido da Vladimir Herzog para adiar liminarmente a eleição por suspeitas de irregularidades, mas estabeleceu que o resultado só será homologado após a análise do mérito da questão. A ação foi interposta após a "Vladimir Herzog" ter sido impugnada pela comissão eleitoral por ter, entre os membros, sócios inadimplentes com a ABI.
Memória
A briga de chapas na ABI contrasta com um passado de envolvimento em lutas pela democracia no Brasil praticamente desde a fundação, em 1908. Durante a ditadura militar (1964-1985), essa postura transformou a entidade em alvo de grupos anticomunistas. Em 1976, uma bomba, supostamente detonada por agentes da repressão política, explodiu em sua sede. Até a redemocratização, a ABI liderou movimentos como a campanha das Diretas-Já, em 1984, que exigiu eleições diretas para presidente da República. Com a democracia, porém, seu peso político foi diminuindo, enquanto outras entidades, como partidos políticos e centrais sindicais, surgiam e se fortaleciam no campo político. A ABI viveu um de seus derradeiros momentos de destaque em 1992, quando seu então presidente, Barbosa Lima Sobrinho, assinou, com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavenère Machado, o pedido de impeachment do presidente Fernando Collor.