Na quinta votação desde que foi iniciado o processo de eleição direta (PED) no PT, em 2001, é a primeira vez que duas fortes candidaturas à presidência da legenda em Minas têm raiz na Articulação, uma das principais tendências do partido. Apesar de a eleição ser só em novembro, os candidatos já estão em pleno debate. Com o apoio formal da coordenação da Articulação, Gleide Andrade se debruça sobre uma agenda de conversas. “Fui oficializada como a candidata pelo conselho político da Articulação. Eu tive ampla maioria”, garante Gleide, que será uma das três mulheres a concorrer a presidentes estaduais do PT, junto com Benedita da Silva, no Rio de Janeiro, e Regina Sousa, no Piauí.
[No PED, os filiados petistas elegem os seus dirigentes no estado, no município e no país, de forma direta. Até hoje, em Minas, foram eleitos cinco presidentes estaduais por esse processo, para mandatos de dois anos. Em 2001, a ex-prefeita de Betim Maria do Carmo Lara, da Articulação, polarizou a disputa com o deputado federal João Fassarela. Dois anos depois, ela se reelegeu, batendo o principal adversário, o então deputado federal Virgílio Guimarães. Em 2005, o deputado federal Nilmário Miranda, também da Articulação, venceu a disputa contra os deputados estaduais Durval Ângelo, Adelmo Carneiro Leão, o deputado federal Gilmar Machado e o ex-prefeito de Coronel Fabriciano Chico Simões. Dois anos depois, Nilmário se reelegeu.
Nos últimos quatro anos, o PT mineiro vem sendo presidido pelo deputado federal Reginaldo Lopes – que faz parte de uma dissidência da Articulação, denominada Articulação Democrática – que ganhou duas eleições consecutivas. Na primeira, ele venceu Durval Ângelo, da tendência Tribo, e na última, Gleber Naime, membro do diretório nacional e do conselho nacional do PT, da tendência Articulação. No plano nacional, Reginaldo e Gleber fazem parte do mesmo grupo, que é majoritário no partido.
As chamadas disputas internas do PT sempre foram muito duras e, via de regra, deixam sequelas. O controle da direção da legenda no estado é particularmente importante, porque caberá ao presidente eleito conduzir as articulações e negociações com partidos para uma coalizão em torno da formação da chapa que disputará o governo do estado em 2014.
Palácio
Os dois candidatos mais fortes até agora, Gleide Andrade e Odair Cunha, têm em comum o fato de declarar apoio à indicação do ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. para concorrer ao governo de Minas. O ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias já anunciou a disposição de concorrer a uma vaga de deputado federal e de apoiar Pimentel. Além de mirar o governo, o ministro terá a função de reforçar o palanque da presidente Dilma Rousseff em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país. Ontem, em evento em Belo Horizonte, Pimentel desconversou quando indagado sobre a sua candidatura, apesar de ser o único nome cogitado pelos petistas. “O partido está muito unido, tem objetivo claro que é reeleger Dilma no ano que vem e nas candidaturas estaduais buscar os melhores nomes”, disse, sem anunciar apoio a Odair Cunha ou a Gleide Andrade.