Promessa de novo incêndio na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nessa quarta-feira proposta de emenda constitucional (PEC) que submete à aprovação do Congresso Nacional súmulas vinculantes, ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) e ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), concedidas pelo Superior Tribunal Federal (STF). É mais um round da briga entre os poderes Legislativo e Judiciário, que já entraram em confronto por posicionamentos divergentes em relação, por exemplo, ao afastamento de parlamentares acusados no processo do mensalão, ao casamento gay, à perda de mandato por infidelidade partidária e à divisão dos royalties do minério de ferro entre os estados.
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Estavam presentes durante a votação os deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados pelo STF no processo do mensalão. Apesar de a votação ser simbólica, Genoino fez questão de registrar sua posição favorável à matéria. A votação ocorreu com a presença de cerca de 20 deputados no plenário. A comissão tem 68 membros titulares, mas como não houve pedido de verificação de quórum a PEC seguirá adiante. O próximo passo é a criação de uma comissão especial para analisar o tema.
Para Fonteles, a PEC é importante para acabar com o que chama de intromissão do Poder Judiciário no Congresso Nacional. “Depois da Constituição de 1988 os ministros do STF começaram a achar que podem tudo. Estão transformando o Judiciário em um superpoder”, disse. “Estão querendo dar a palavra em legislação. E fica para a população como um ato judiciário. Porém, é um ato legislativo adulterado pelo Judiciário”, acrescenta. Segundo ele, a proposta teve a colaboração de representantes da sociedade civil, como professores de direito constitucional de estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
No entanto, para um dos mais conceituados juristas do país, no entanto, o ex-presidente do STF Carlos Mário Veloso, o projeto é um absurdo. “É um projeto inconstitucional e de viés ditatorial. É próprio de quem não está assimilado ao Estado democrático de direito. Essas pessoas são as mesmas que querem violar a liberdade de imprensa”, ressaltou. Para o ex-ministro do Supremo, não há incursões do Poder Judiciário no que seria de tratamento exclusivo de congressistas. “O que existe é a omissão do Poder Legislativo”, avaliou. (Com agências)