Jornal Estado de Minas

Relatório Figueuiredo

Ministério Público busca pistas de mortes de índios

Felipe Canêdo
Um grupo de promotores da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, que trata de questões relacionadas a populações indígenas, vai estudar o recém descoberto Relatório Figueiredo, produzido pelo Ministério do Interior e desaparecido por mais de 40 anos, em busca de provas e pistas sobre violações de direitos humanos em índios no período da ditadura militar. O inquérito, conforme revelou o Estado de Minas, foi descoberto no fim de 2012 no Museu do Índio do Rio de Janeiro, e contém mais de 7 mil páginas de depoimentos e denúncias sobre chacinas, torturas e formas de exploração de tribos de todo o país.
“Ele é um documento detalhado e vai nos ajudar porque trata exatamente do tema sobre o qual o grupo de trabalho Violação dos Povos Indígenas e Regime Militar está se debruçando”, afirma o procurador no República do Rio de Janeiro, Antônio Cabral.

Antônio informa que já entrou em contato com o pesquisador e vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, Marcelo Zelic, que foi quem descobriu o relatório, e pediu uma cópia de todo o material. “Nosso próximo foco é ler o relatório e identificar onde há provas ou fontes de provas, cruzar dados e buscar onde estão realmente os principais pontos que merecem esclarecimento”, ele diz. Segundo o procurador, o grupo de trabalho irá trabalhar para criar rotinas de investigação, linhas de pesquisa, modelos de petições e buscará desenvolver expertise sobre o assunto.

Uma antiga prisão indígena, conhecida como Reformatório Krenak, localizada em Resplendor, no Vale do Rio Doce, é assunto de interesse do grupo, que já apresentou representação. No local, segundo denúncias, teriam acontecido torturas sistemáticas de índios. Tema muito presente no relatório, as demarcações de terras indígenas são uma das preocupações do MPF.