Embora ainda em processo de formalização na Justiça Eleitoral, o novo partido Mobilização Democrática (MD), criado a partir da fusão do PPS e do PMN, se iniciará em Minas Gerais não apenas com três deputados estaduais e um federal, mas também como válvula de escape para os insatisfeitos com o PSD. Acumulando divergências com a condução política no estado, Alexandre Silveira, deputado federal licenciado e atual secretário de Estado Extraordinário de Gestão Metropolitana, está em compasso de espera. Outros cinco deputados estaduais do PSD, que pretendem apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República, já preparam a saída da legenda, que apoiará a reeleição de Dilma Rousseff (PT) sob a batuta de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo.
“Participamos de um grupo. Não tenho dúvidas de que o PSD caminhará com Dilma e temos indicativo de que fechará como um todo com o PT e o PMDB nos estados”, afirma o deputado estadual Duarte Bechir considerando ter compromisso com Aécio Neves. Planejam deixar o PSD com destino ao MD, além de Duarte Bechir, Neider Moreira, Doutor Wilson Batista e Cássio Soares, hoje secretário de Estado de Desenvolvimento Social. “Vamos desembarcar em grupo. Se continuarmos com o grupo, poderemos buscar uma coalizão ampla nas eleições proporcionais. Estamos encontrando no MD essa compreensão de nascer grande”, considera Duarte Bechir. Também está de olho na nova legenda o deputado Glaycon Franco (PRTB), suplente de Cássio Soares.
Mais evasivo em relação ao seu destino político, Fabiano Tolentino (PSD) afirma ter sido convidado pelo DM e por outras legendas. Eleito pelo PRTB, Tolentino entrou na “janela” do PSD, estando agora livre para fazer a escolha partidária que melhor lhe convir, sem estar sujeito a nenhum tipo de sanção como a perda do mandato. “Neste primeiro momento ainda estou estudando. Fábio Cherem e o Hélio Gomes vão ficar no PSD. Estou incomodado com o posicionamento político da nacional em apoio à Dilma. Mas ainda não decidi para onde ir”, acrescenta ele.
Caciques
Na Assembleia Legislativa, o MD nasce com a bancada de Luzia Ferreira e Sebastião Costa, do PPS e Duílio de Castro, do PMN. Dentro do cálculo eleitoral daqueles que pretendem ingressar na nova legenda, já se considera a candidatura do secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge (PPS). Como outros que passaram antes dele por esse cargo, Jorge deverá ter muitos votos. Com os outros “caciques” que chegarão do PSD e até do PRTB, o MD tem tudo para nascer uma sigla bastante “pesada” para candidatos sem um patrimônio eleitoral consolidado.
“Criamos uma janela”, assinala Luzia Ferreira, presidente estadual do PPS. “Corremos com o processo de fusão entre o PMN e o PPS para nos antecipar à aprovação do projeto que limita a criação de partidos”, diz Luzia. Segundo ela, o deputado federal Roberto Freire (SP), que presidirá a nova legenda, deu orientação clara no sentido de não condicionar a filiação de interessados ao fato de eles não terem mandato eletivo, um critério muito usado por partidos pequenos que buscam chapas proporcionais competitivas.
“Fundimos para crescer”, sustenta Luzia Ferreira, lembrando, contudo, que o tamanho do crescimento deverá ser pactuado com o PMN e o PPS. “Precisamos crescer sim, mas sem criar constrangimentos para aqueles que estão no partido pela fusão das duas legendas”, lembra ela, sugerindo que, dependendo da demanda pela migração de deputados, em algum momento o MD de Minas deverá começar a negociar caso a caso.