Brasília – A criação do Rede Sustentabilidade, partido pelo qual a ex-senadora Marina Silva pretende candidatar-se à Presidência da República em 2014, corre o risco de enfrentar novos obstáculos nos próximos dias. Depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes conceder mandado de segurança suspendendo a tramitação do projeto que dificulta a criação de legendas e veta a transferência do tempo de TV e do Fundo Partidário para as novas legendas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entrou com um recurso na Corte contra a decisão. Ele pede a revisão da decisão pelo plenário.
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Decisão do STF sobre restrição a criação de partidos foi inédita, diz advogadoPresidente da Câmara acha estranha liminar do STF a favor de criação de partidosAutor do projeto que dificulta criação de partidos diz que ficou surpreso com liminar do STFSTF suspende tramitação no Senado de projeto que dificulta criação de partidosSenador pede urgência para projeto contra novos partidosPolêmica sobre restrição à criação de novos partidos segue para o SenadoCâmara aprova texto final de projeto que restringe a criação de partidosPresidente da Câmara chama de equívoco liminar do STF"Vício pelo Poder" põe em risco as conquistas democráticas, diz Marina SilvaJá Rollemberg disse que está confiante em relação à decisão que o STF tomará. “Nós temos muita convicção que o Supremo derrubará esse projeto. Toda vez que um projeto de lei é feito para atingir um objetivo pessoal ou pequeno grupo de pessoas, isso é uma medida inconstitucional, uma medida ilegal e foi assim que o Supremo entendeu e entendeu corretamente”, afirmou.
Rollemberg ainda criticou a base aliada, que estaria “perdendo a medida das coisas”. “Esse viés autoritário é extremamente prejudicial à democracia. Nós não podemos, através de uma lei ordinária, querer mudar uma interpretação da Constituição feita recentemente pelo STF”, alfinetou.
O recurso apresentado por Renan, na prática, terá papel mais político. O pedido para o mérito ser avaliado no plenário é redundante, já que a questão seria avaliada por todos os ministros de qualquer forma. Mas a avaliação dos aliados do peemedebista é que, dessa forma, o Senado marca posição e garante que sua argumentação será levada em conta quando o assunto for analisado pelo Supremo.
Favorecidos
No mandado de segurança, Gilmar Mendes acata a argumentação de Rollemberg e alega “extrema velocidade” na apreciação da matéria, caracterizando casuísmo em prejuízo de minorias políticas. A rapidez na tramitação da proposta no Congresso foi articulada pela base governista, com a finalidade de que as mudanças atinjam o partido que Marina Silva pretende criar.
Quem também tem pressa na tramitação da proposta é o DEM, que conseguiu incluir, ainda na Câmara, uma emenda que muda a divisão do tempo de TV e favorece a legenda. Hoje, o tempo é dividido de duas formas: um terço é repartido igualmente entre todas as legendas e os outros dois proporcionalmente levando em conta a bancada eleita de cada partido. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) conseguiu inserir mudança na parte fixa do tempo distribuída. Um terço dela – ou seja, um nono do total – continuaria sendo repartida igualmente e o restante também atenderia à proporcionalidade. Com isso, o DEM consegue reduzir o impacto da perda de 11 deputados federais para o PSD.